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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
NOSSO LAR: O UMBRAL KARDECISTA
NOSSO LAR : O UMBRAL KARDECISTA
Os evangélicos costumam colocar o kardecismo na mesma esfera de
práticas teurgícas como o candoblé e a umbanda. Isto denota uma
profunda ignorância e contribui com o preconceito e a intolerância em
relação a estes. Antes de tudo, nenhuma intolerância pode representar
a vontade divina, seja contra kardecistas, umbandistas e ou seguidores
do candomblé, pois, a intolerância só gera ódio, conflito e desamor e
isto está muito distante de algum princípio divino e humano digno.
Quem conhece a prática beneficente e altruístas dos kardescistas não
pode deixar de se comover. Sem dúvida, um dos maiores humanistas que o
Brasil, por exemplo, conheceu nos últimos tempos fora o grande Chico
Xavier.
Enfim, o kardecismo merece o maior respeito e admiração. Afinal, o
espiritismo kardecista tem contribuído para o refinamento de seus
membros e na disseminação da bondade.
No entanto, em relação a verdadeira busca espiritual o kardecismo está
completamente contaminado de fragrantes e enormes equívocos.
O kardecismo se pretende filosofia, mas filosoficamente apresenta
erros básicos. O kardecismo se pretende ciência, contudo, está
recheado de superstições. Enfim, o kardecismo nem contém filosofia e/
ou ciência.
Ele está baseado em meras crenças e, assim, o kardecismo não passa de
uma religião. O kardecismo não é uma via de conhecimento, mas de
crença, como toda e qualquer religião conhecida.
Num exame simples constatamos os graves equívocos do kardecismo. Na
verdade, na busca mística o kardecismo representa um umbral, um
empecilho que atrapalha a vida de muitos buscadores, já que estes
costumam confundir uma prática com a outra.
Por exemplo, o tempo e o espaço são frutos de nossa consciência
objetiva, ou seja, de nossos cinco sentidos físicos (visão, audição,
tato, paladar e olfato). Evidentemente, a apreensão (ou existência) do
tempo e espaço está condicionada ao mundo físico através destes nossos
sentidos. Há quem afirme que, em virtude disto, vivemos mergulhados
num mundo de ilusões já que nossos sentidos físicos estão limitados a
este mundo material e, portanto, não podem apreender a transcendência
da criação e de planos mais elevados (de consciência).
Lógico, portanto, que ao fazermos a transição, ou seja, ao morrermos,
perdemos os nossos sentidos físicos e, consequentemente, perdemos
qualquer apreensão do tempo e espaço. Assim, evidentemente, nos planos
espirituais não existem tempo e espaço, ou seja, ninguém é velho ou
moço (não tem idade cronológica e biológica). Nos planos espirituais
não há a passagem de tempo (tantos anos, meses, etc). Não existe
consciência objetiva nestes planos e, portanto, não há apreensão de
passagem de tempo. Numa simples(?) meditação já perdemos a noção de
tempo e espaço ao conseguirmos transcender os nossos sentidos físicos,
ou seja, nossa consciência objetiva.
De fato, a maioria dos mortos sequer sabe que esta morta (ou que
existe). Vive num estado de dormência. É por esta razão que
necessitamos encarnar para pudermos despertar a consciência. Ou
melhor, precisamos morrer conscientes. Este estado é chamado de
iluminação. Sedo assim, os falecidos não interferem e não podem
interferir no mundo físico porque boa parte não sabe de sua condição,
segundo, que não podem interferir com a Lei Cármica (de causa e
efeito), mudando completamente a vida de alguém encarnado.
Por que precisamos encarnar? Um castigo? Um castigo cármico, tipo
punição?
Precisamos encarnar porque só através do tempo e do espaço a nossa
consciência se move e, portanto, pode evoluir. Ou seja, não encarnamos
por castigo, mas pelo privilégio de termos a oportunidade de
crescimento. É por esta razão que devemos agradecer diariamente a
oportunidade que o cósmico nos está dando.
Não existem ações nos planos espirituais. A ação só pode ocorrer no
tempo e espaço e como o tempo e o espaço são noções de nossa
consciência objetiva (de nossos sentidos físicos), ela não existe nos
planos espirituais. A ação só existe no mundo material, manifesto.
Qualquer crença contrária é tão-somente uma crença e não passa disto.
Ao morrermos nossa consciência enfrenta seus medos. A este momento
chamamos de umbral. Os nossos medos estão atrelados aos maiores
equívocos. Precisamos vencer nossos medos e o fazemos através do
conhecimento. E, um dos maiores equívocos que nos prendemos são as
superstições. Temos medo de coisas que não existem. Não nos elevamos
simplesmente porque somos prisioneiros destes equívocos. Assim, muitas
vezes não avançamos porque não nos libertamos de nossas crenças.
Precisamos retornar para abrirmos a nossa consciência.
Como afirmou Hermes Trimesgistos: “assim como é em cima, é embaixo.
Assim como é embaixo, é em cima”. Mas, óbvio que ele não estava
afirmando que a vida pós-morte, por exemplo, é igual a vida material.
Esta idéia são fantasias que transferimos ao idealizarmos uma vida
além. Hermes, na verdade, fala em seu axioma das Leis. Assim como
visualizamos em nossa mente, assim será em nosso mundo físico,
manifesto. Os princípios herméticos, um grande guia na jornada
espiritual, através do autoconhecimento, é um dos primeiros livros
conhecidos escrito pelo homem que expõe detalhadamente as Leis pelas
quais o universo se manifesta. Reconhece aí, portanto, uma
inteligência primeira criadora das Leis Universais contrárias ao caos.
Posteriormente, o grande filósofo grego Pitágoras chamará esta
inteligência de Grande Arquiteto do Universo, reconhecendo existir uma
estrutura precisa na criação.
Alguns argumentam, no entanto, que este raciocínio é muito “lógico”,
cartesiano e, portanto, limitado. Mas, não existe nada mais LÓGICO que
Deus e suas Leis.
Para se afirmar que um determinado conhecimento contém ciência, que
seja ciência é necessário que este conhecimento não seja apenas
nomeado de ciência. Tanto física quanto metafisicamente (ou seja,
material ou abstratamente) o universo, tanto físico quanto espiritual,
é regido por uma Lei única: Causa e Efeito.
Um místico, assim que começa sua jornada espiritual, e à medida que
vai aprofundando, começa a conhecer perfeitamente os aspectos
psíquicos e psicológicos do ser humano e sabe que algumas
manifestações psíquicas não fenômenos sobrenaturais e percebe que
tanto o mundo físico quanto o espiritual são regidos por Leis
imutáveis.
O kardecismo ocupa o seu devido lugar enquanto religião e, assim, não
é uma via de conhecimento, mas de crença. Ele, tanto quanto as demais
religiões ocupa uma determinada etapa na evolução humana e,
consequentemente, precisa do maior respeito.
HIDERALDO MONTENEGRO
http://hideraldo-montenegro.blogspot.com/
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