quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Mercadante defende critério de reajuste do piso nacional dos professores


Amanda Cieglinski - Repórter da Agência Brasil
 
Brasília – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu hoje (29) o reajuste de 22% do piso nacional do magistério, que passou de R$ 1.187 para R$ 1.451. Segundo Mercadante, o atual critério de correção do piso, com base no  crescimento do valor mínimo por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), permite recuperação salarial para os professores. O valor estipulado para este ano  acompanha o aumento do Fundeb de 2011 para 2012, conforme determina a legislação atual. O novo piso foi anunciado segunda-feira (27)
Alguns estados e municípios alegam dificuldade financeira para pagar o valor determinado. Governadores  reuniram-se ontem (28) com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e pediram a aprovação de um projeto de lei que altere o critério de correção do piso, que passaria a ser feito com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação. Mercadante disse que qualquer mudança na Lei do Piso precisará ser discutida com os professores e também com os prefeitos e governadores.
“O critério atual tem permitido uma recuperação salarial forte. É verdade que alguns estados e municípios estão com dificuldade, mas o piso que temos hoje é um pouco mais do que dois salários mínimos. É um equívoco o Brasil perder a perspectiva de continuar recuperando o piso salarial”, afirmou.
De acordo com o ministro, até o ano passado, quatro estados não pagavam o piso (R$ 1.187 ) e 11 já usavam valores iguais ou superiores ao que foi definido para este ano. A lei, aprovada em 2008, prevê que haja complementação da União caso o município ou estado comprove que não tem capacidade financeira para pagar o piso a seus professores. Entretanto, as prefeituras que solicitaram a verba ao MEC não atenderam aos pré-requisitos previstos, como, por exemplo, ter um plano de carreira para os docentes da rede e investir 25% da arrecadação de tributos em educação, como determina a Constituição.
“Se houver proposta para melhorar essa parceria, nós estamos abertos, sempre. A lei estabelece alguns critérios [para complementação], mas esses critérios ainda não foram acordados com estados e municípios. A situação é muito diferente em cada lugar”, disse o ministro.
Segundo Mercadante, para uma mudança nos parâmetros de reajuste do piso no Congresso, será preciso haver “entendimento e negociação”. “Caso contrário, isso não vai contribuir para o ambiente educacional. Nós podemos ter um acirramento das greves, que não interessa aos estudantes e não interessa ao Brasil.”
Edição: Nádia Franco

GUARANI X SANTOS

GUARANI 0 X 2 SANTOS

GUARANI:
 Emerson; Bruno Peres (Max Pardalzinho, aos 24'/2ºT), Domingos, Neto, Bruno Recife; Wellington Monteiro (André Leone, aos 44'/2ºT), Fábio Bahia, Danilo Sacramento, Fumagalli; Fabinho e Ronaldo (Bruno Mendes, aos 28'/2ºT). Técnico: Vadão.

SANTOS: Aranha, Crystian (Anderson Carvalho, aos 20'/2ºT), Edu Dracena, Durval e Juan; Arouca, Henrique, Ibson (Tiago Alves, aos 40'/2ºT) e Elano; Alan Kardec e Dimba (Felipe Anderson, aos 43'/1ºT). Técnico: Muricy Ramalho.

Estádio: Brinco de Ouro, Campinas (SP)
Data/hora: 29/2/2012 - 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias Araujo
Auxiliares: Alexandre Basilio Vasconcellos e Rodrigo Soares Aragão
Renda/Público: R$ 160.047,00/ 10.720 pagantes
Cartões Amarelos: Juan (SAN)
GOLS: Ibson, aos 5'/1ºT e Arouca, aos 44'/2ºT

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

MST teve atuação decisiva em desapropriação de terra no Pará



A ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em uma fazenda da região sudeste do Pará, que resultou na desapropriação de um latifúndio de 10 mil hectares – o equivalente a 100 milhões de metros quadrados (m2) –, pode ser considerada um marco. “Trata-se da primeira desapropriação decretada com base no desrespeito à função social, com base em condições de trabalho escravo e desrespeito às leis ambientais”, descreve o jornalista Carlos Juliano Barros. Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o pesquisador apresentou a dissertação de mestrado O sonho se faz a mão e sem permissão; “Escravidão temporária” e reforma agrária no Brasil. A pesquisa teve a orientação do professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira.

MST: decisivo na desapropriação de fazenda em Marabá, no Pará
Como diz o jornalista, “o estudo é uma discussão acadêmica sobre a escravidão no campo, que ainda persiste em algumas regiões do Brasil.” No Departamento de Geografia Humana da FFLCH, Barros analisou o caso da Fazenda Cabaceiras, localizada em Marabá, que foi desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2008. A propriedade era da família Mutran, mas boa parte das terras pertencia originalmente ao governo paraense, que concedeu as terras públicas em regime de “aforamento” — uma espécie de “aluguel”. “O aforamento se deu com o objetivo de que os proprietários trabalhassem na colheita da castanha”, conta o jornalista. “Mas toda a área foi devastada para a criação de gado de corte. Além do evidente desrespeito às leis ambientais, houve ainda a constatação da prática de trabalho escravo na propriedade.”
Pressão
A primeira ocupação da fazenda aconteceu em 1999. Na oportunidade, o movimento instalou cerca 1.200 famílias em 81 hectares (810 mil m2). “A ocupação atingiu menos de 1% da área total do imóvel”, recorda Barros. Em 2004, foi assinado pelo presidente Lula o decreto de desapropriação.
“O que chama atenção nesse processo é justamente os entraves e as decisões controversas que aconteceram até o desfecho final”, observa Barros. Ele conta que foram, ao todo, três vistorias do Incra até que houvesse a assinatura do decreto. “Na primeira delas, por exemplo, a área foi considerada improdutiva. Numa segunda inspeção, o instituto a considerou produtiva. Isso mostra que decisões desse tipo estão atreladas a diversas situações e pressões”, avalia. O pesquisador destaca como decisiva a ação do MST. “Sem a pressão do movimento, a desapropriação jamais teria acontecido, já que os proprietários chegaram a obter um mandado de segurança no STF para cassar o decreto.”
Trabalho escravo
Mesmo com 1% da área ocupada pelo MST, constatou-se que no restante da propriedade ainda era comum a prática do trabalho escravo. Barros conta que muitos trabalhadores viviam em condições precárias. “Com seus baixos salários tinham de custear a compra de comida e até de ferramentas de trabalho. No final das contas, acabavam devendo ao proprietário”, descreve.
Em geral, o alimento por que pagavam era apenas o arroz e o feijão. “A água consumida era proveniente de córregos e só comiam carne quando o gado morria por doença ou atropelado na estrada”, conta o jornalista, que visitou a área duas vezes num período de dois anos.
O assentamento
O que foi uma “ocupação” do MST, atualmente, é o Assentamento 26 de Março. Lá, estão instaladas 206 famílias, já que muitas desistiram durante o processo de desapropriação. Coube a cada uma dessas famílias um lote, onde a produção é diversa, desde hortaliças até mandioca. “Trata-se, no entanto, de uma produção ainda incipiente”, observa o jornalista. Segundo ele, os governos não conseguem fornecer a infra-estrutura necessária para que as famílias possam melhor se estabelecer e chegar a uma produção adequada.
Barros destaca ainda que, durante o processo de desapropriação, os Mutran fizeram uma oferta de venda da área ao Incra de R$ 35 milhões, que foi recusada. Posteriormente, o instituto avaliou as terras em R$ 21 milhões. Contudo, pagaria apenas R$ 9 milhões. “Os R$ 12 milhões da diferença, o Incra calculou como passivo ambiental, pela devastação que os proprietários fizeram em toda a área. Mas vale destacar a ação positiva do MST neste processo inédito em nossa história de reforma agrária, que é marcada pela lentidão da ação dos governos”, enfatiza o pesquisador.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O rei está nu




 João Vitte (*)
O leilão de três dos maiores aeroportos do Brasil teve uma dimensão política fundamental para o futuro do país: com ela, o PT jogou de vez na lata do lixo da História sua bandeira contra as privatizações. Ora, em todas as campanhas eleitorais o Partido dos Trabalhadores adotava esse discurso atrasado contra seus adversários. Mas, a partir de agora, não poderá mais fazê-lo. Como disse o ex-presidente FHC, o “demônio privatista” dos petistas foi desmistificado e agora essas bandeiras são “fantasmas que estão desaparecendo porque o Brasil está mais maduro”. Ou, para ficar no dito popular: nunca diga que desta água não beberei...    
O mais engraçado são as justificativas do PT para tentar explicar suas privatizações: eles dizem não é bem assim e que entregar aeroportos à iniciativa privada como concessão não é o mesmo que privatizar empresas estatais. Já o governo agora diz que “não tem uma posição ideológica contra a privatização”, mas sim sobre o objeto a ser privatizado. Desculpas à parte, o fato é que esta nem é a primeira privatização do PT. O ex-Presidente Lula vendeu dois bancos estaduais no primeiro ano de governo, fez concessões de serviços públicos em algumas estradas e sancionou a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPP).
Sim, foi o Lula quem aprovou a Lei que permite a realização de PPPs. Mas quando uma PPP é realizada por adversários políticos, os companheiros petistas se voltam contra as prefeituras e governos dos Estados e saem gritando contra as parcerias. Até quando o PT irá levantar bandeiras contra as iniciativas realizadas pelos adversários, sem analisar se realmente é ou não a melhor solução para a população?
Precisamos de mais pragmatismo e de menos estreiteza política. Não devemos ser oposição pelo gosto de contrariar. Por que devemos ser contra um governo, se este está fazendo um bom trabalho, com ações benéficas a toda população? Não me parece coerente, numa campanha eleitoral, alguém se colocar contra ações benéficas para o povo só porque elas estão sendo realizadas por um partido ou coalizão adversária. Isso não é patriótico nem republicano, apenas revela miopia política. 
No caso dos aeroportos, não devemos adotar a mesma viseira política dos petistas. É verdade que se o governo do PT tivesse investido mais na infraestrutura aeroportuária nos últimos anos, não estaríamos nessa situação caótica que ameaça manchar a participação do Brasil na Copa 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. Mas o importante é que privatizaram; sabemos que, nos países em que os aeroportos foram privatizados, o serviço prestado é melhor e o usuário é beneficiado. Então, se conseguirem oferecer melhores serviços para a população, devemos apoiar essa iniciativa. E não, como eles, criticá-la só porque foi levada a cabo por nossos adversários políticos.
O mais curioso é que o discurso de coerência ideológica do PT não resiste à menor exposição à realidade. O governo, por exemplo, diz defender a indústria nacional, mas compra avião presidencial do consórcio europeu Airbus, em vez de prestigiar a indústria aeronáutica brasileira, uma das maiores do mundo. Agora, continua a sustentar o discurso antiprivatista, embora tenha privatizado os aeroportos...
A população não se deixará mais enganar pela contradição entre o que o PT diz e o que pratica. Quem sabe um dia eles entendam que não são os donos da verdade. Mas, até lá, teremos que agüentar discursos inflamados e vazios sobre “privataria”. Mas agora o rei está nu...       
* João Vitte é prefeito de Santa Gertrudes, no interior de São Paulo

Retomar o Sindicalismo de Classe e de Esquerda (importante contribuição de Ricardo Antunes)


Comp@s,

A população trabalhadora e pobre do Brasil tem dado seu voto de confiança aos governos, em particular ao governo federal, que tem desfrutado de alto índice de popularidade. Mas, os setores organizados dessa população começam a mostrar certa inquietude, através das tentativas de greves em suas categorias profissionais, ocupação e/ou resistência na desocupação de áreas – seja para moradia, seja para a reforma agrária, a insatisfação com a qualidade dos serviços públicos de saúde, educação, transporte, segurança pública, além da contrariedade com as políticas previdenciárias e salariais, que estão sendo apresentadas.

Nossos governantes dizem que o país está protegido e não sofrerá grande impacto com a crise econômica, que abala os países líderes do capitalismo (França, Alemanha, Inglaterra, EUA) e convulsiona seus parceiros da zona do euro (Grécia, Itália, Espanha, Portugal), mas se apressam para adotar as mesmas medidas, que levaram os trabalhadores desses países às ruas, em veementes protestos. Há, portanto, fortes indícios de que esteja próxima do fim essa falsa festa brasileira, cujos principais organizadores são oriundos da esquerda e fazem as políticas dos banqueiros e grandes capitalistas – justamente, os nossos governantes e suas principais estruturas de apoio.

Será que os ativistas de esquerda conseguirão entender o que está acontecendo, construir a unidade necessária entre seus agrupamentos e preparar um programa factível e capaz resolver os problemas, de um ponto de vista da população trabalhadora e pobre? Na matéria abaixo, o Professor Ricardo Antunes oferece uma forte contribuição para este esforço. Cito um trecho, mas a leitura na integra é indispensável:

O que nos leva a concluir que, para a retomada de um sindicalismo de classe e de esquerda, há um bom caminho a percorrer. Mas talvez seu primeiro desafio seja criar um pólo sindical, social e político de base que não tenha medo de oferecer ao país um programa de mudanças profundas, capazes de iniciar a desmontagem das causas estruturantes da miséria brasileira e de seus mecanismos de preservação da dominação. E um passo imprescindível neste processo é, desde logo, romper a política de servidão voluntária que empurrou os sindicatos em direção ao Estado.

Abração do
William.
17/02/2012.


Correio da Cidadania

A ‘engenharia da cooptação’ e
os sindicatos no Brasil recente
Escrito por Ricardo Antunes
Sexta, 17 de Fevereiro de 2012

A década de ouro

O objetivo deste artigo é compreender por que vem ocorrendo uma relativa desmobilização da sociedade brasileira e, em particular, dos organismos de representação da classe trabalhadora? As respostas são complexas e nos remetem aos ciclos das lutas travadas nas últimas décadas no Brasil.

Poderíamos começar lembrando que, ao longo dos anos 1980, o Brasil esteve à frente das lutas sociais e sindicais, mesmo quando comparado com outros países avançados. A criação do PT em 1980, da CUT em 1983, do MST em 1984, a luta pelas eleições diretas em 1985, a eclosão de quatro greves gerais, a campanha da Constituinte, a promulgação da Constituição em 1988 e, finalmente, as eleições de 1889 são exemplos vivos da força das lutas daquela década. Houve avanços significativos na luta pela autonomia e liberdade dos sindicatos em relação ao Estado, através do combate ao Imposto Sindical, à estrutura confederacional, cupulista, hierarquizada e atrelada, instrumentos que se constituíam em alavancas utilizadas pelo Estado para controlar os sindicatos. Aquela década conformou também um quadro nitidamente favorável para o chamadonovo sindicalismo, que caminhava em direção contrária à crise sindical presente em vários países capitalistas avançados.

Entretanto, no final daquela década já começavam a despontar as tendências econômicas, políticas e ideológicas que foram responsáveis pela inserção do sindicalismo brasileiro na onda regressiva, resultado tanto da reestruturação produtiva do capital em curso em escala global como da emergência da pragmática neoliberal, que passaram a exigir mudanças significativas.

A partir de 1990, com a ascensão de Collor e depois com FHC, o receituário neoliberaldeslanchouNosso parque produtivo estatal foi enormemente alterado pela política privatizante, afetando diretamente a siderurgia, telecomunicações, energia elétrica, setor bancário, dentre outros, o que alterou o tripé que sustentava a economia brasileira (capital nacional, estrangeiro e estatal), redesenhando e internacionalizando ainda mais o capitalismo no Brasil. O setor produtivo estatal era fagocitado ainda mais pelo capital monopolista estrangeiro.

Com um processo tão intenso, a simbiose nefasta entre neoliberalismo e reestruturação produtiva teve repercussões muito profundas na classe trabalhadora e em particular no movimento sindical. Flexibilização, desregulamentação, terceirização, novas formas de gestão da força de trabalho etc. tornaram-se pragas presentes em todas as partes. No apogeu da era da financeirização, do avanço técnico-científico-informacional, do mundo digital onde tempo e espaço se convulsionam, o Brasil vivenciou mutações fortes no mundo do trabalho, alterando sua morfologia, da qual a informalidade, a precarização e o desemprego ampliavam-se intensamente.

Esta nova realidade arrefeceu o novo sindicalismo que se encontrava, de um lado, diante da emergência de um sindicalismo neoliberal, sintonizada com a onda mundial conservadora, de que a Força Sindical é o melhor exemplo. E, de outro, diante da inflexão que vinha ocorrendo no interior da CUT, que cada vez mais se aproximava do sindicalismo social-democrata. A política de “convênios”, “apoios financeiros”, “parcerias” com a social-democracia sindical, especialmente européia, levada a cabo por décadas, acabou contaminando o sindicalismo de classe no Brasil, que pouco a pouco se social-democratizava, num contexto, vale lembrar, onde a social-democracia se aproximava do neoliberalismo.

II. O sucesso do social-liberalismo e o advento do sindicalismo negocial de Estado

Foi neste contexto que Lula sagrou-se vitorioso nas eleições presidenciais em 2002, depois de um período de enorme desertificação social, política e econômica do Brasil, vitória que ocorreu em um contexto internacional e nacional bastante diferente dos anos 1980. A vitória da “esquerda” no Brasil ocorria quando ela estava mais fragilizada, menos respaldada nos pólos centrais que lhe davam capilaridade, como a classe operária industrial, os assalariados médios e os trabalhadores rurais.

Se pudéssemos lembrar Gramsci, diríamos que o transformismo já havia convertido o PT numPartido da Ordem. Quando Lula venceu as eleições, em 2002, ao contrário da potência criadora das lutas sociais dos anos 1980, o cenário era de completa mutação. Ela foi, por isso, uma vitória política tardia. Nem o PT, nem o país eram mais os mesmos. Como já pude dizer anteriormente, o Brasil estava desertificado e o PT havia se desvertebrado.

Quais são as explicações para esse transformismo? Aqui podemos tão somente indicá-las: 1) a proliferação do neoliberalismo na América Latina; 2) o desmoronamento do “socialismo real” e a prevalência equivocada da tese que propugnava a vitória do capitalismo; 3) a social-democratização de parcela substancial da esquerda e sua aproximação à agenda social-liberal, eufemismo usado para “esconder” sua real face neoliberal.

E o PT, partido que se originou no seio das lutas sociais e sindicais, aumentava sua sujeição aos calendários eleitorais, atuando cada vez mais como partido eleitoral e parlamentar, até tornar-se um partido policlassista. Lula passou a cobiçar a confiança das principais frações das classes dominantes, incluindo a burguesia financeira, o setor industrial e o agronegócio. Um exemplo é bastante esclarecedor: quando, ao final do governo FHC, em 2002, houve um acordo de “intenções” com o FMI, este organismo exigiu que os candidatos à presidência manifestassem sua concordância com os termos do referido acordo. O PT de Lula publicou, então, um documento, denominado como a Carta aos Brasileiros, onde evidenciava sua política de subordinação ao FMI e aos setores financeiros internacionais e nacionais.

O resultado de seu governo é conhecido: sua política econômica ampliou a hegemonia dos capitais financeiros; preservou a estrutura fundiária concentrada; deu incentivo aos fundos privados de pensão; determinou a cobrança de impostos aos trabalhadores aposentados, o que significou uma ruptura com parcelas importantes do sindicalismo dos trabalhadores, especialmente públicos, que passaram a fazer forte oposição ao governo Lula.

A sua alteração mais significativa, no segundo mandato, foi uma resposta à crise política aberta com o mensalão, em 2005. Era necessário que o novo governo ampliasse sua base de sustentação, desgastada junto a amplos setores da classe trabalhadora organizada. Foi então que ocorreu uma alteração política importante: o governo ampliou o programa Bolsa-Família, uma política social de perfil claramente assistencialista, ainda que de grande amplitude, que atinge mais de 12 milhões de famílias pobres com renda salarial baixa e que por isso recebiam um complemento salarial. E foi esta política social – assumida como exemplo pelo Banco Mundial – que ampliou significativamente a base social de apoio a Lula, em seu segundo mandado. Ela atingia os setores mais pauperizados e desorganizados da população brasileira, que normalmente dependem das políticas do Estado para sobreviver.

E em comparação ao governo de FHC, a política de aumento do salário mínimo, ainda que responsável por um salário vergonhoso e inconcebível para uma economia do porte da brasileira, significou efetivos ganhos reais em relação ao governo tucano. E, desse modo, o governo Lula “equacionou” as duas pontas da tragédia social no Brasil: remunerou exemplarmente o grande capital financeiro, industrial e o agronegócio e, no outro pólo da pirâmide social, implementou a Bolsa-Família assistencialista e concedeu uma pequena valorização do salário mínimo, sem confrontar, é imperioso dizer, nenhum dos pilares estruturantes da tragédia brasileira.

Quando a crise mundial atingiu duramente os países capitalistas do Norte, em 2007/08, o governo tomou medidas claras no sentido de incentivar a retomada do crescimento econômico, reduzindo impostos do setor automobilístico, eletrodoméstico e da construção civil, todos incorporadores de força de trabalho, expandindo fortemente o mercado interno brasileiro e compensando, desse modo, a retração do mercado externo em suas compras de commodities.O mito redivivo do novo “pai dos pobres” ganhava força.

Mas havia, ainda, outro elemento central na engenharia da cooptação do governo Lula/Dilma: o controle de setores importantes da cúpula sindical, que passava a receber diretamente verbas estatais e, desse modo, garantia o apoio das principais centrais sindicais ao governo (1). Pouco antes de terminar seu governo, Lula tomou uma decisão que ampliou ainda mais o controle estatal sobre os sindicatos, ao permitir que as centrais sindicais também passassem a gozar das vantagens do nefasto Imposto Sindical (2), criado na Ditadura Vargas, ao final dos anos 1930. E, além do referido imposto, elas passaram a receber outras verbas públicas, praticamente eliminando (em tese e de fato) a cotização autônoma de seus associados. Outro passo crucial para a cooptação estava selado.

E, se já não bastasse, centenas de ex-sindicalistas passaram a participar, indicados pelo governo, do conselho de empresas estatais e de ex-estatais, com remunerações polpudas. Portanto, para compreender a cooptação de parcela significativa do movimento sindical brasileiro recente, é preciso compreender esse quadro, do qual aqui pudemos oferecer as principais tendências.

O que nos leva a concluir que, para a retomada de um sindicalismo de classe e de esquerda, há um bom caminho a percorrer. Mas talvez seu primeiro desafio seja criar um pólo sindical, social e político de base que não tenha medo de oferecer ao país um programa de mudanças profundas, capazes de iniciar a desmontagem das causas estruturantes da miséria brasileira e de seus mecanismos de preservação da dominação. E um passo imprescindível neste processo é, desde logo, romper a política de servidão voluntária que empurrou os sindicatos em direção ao Estado.


Notas:

1) O campo sindical do governo é amplo: no centro-esquerda, além da CUT, temos a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), formada pela Corrente Sindical Classista que se desfiliou da CUT em 2007 para criar sua própria central. No centro-direita, temos a Força Sindical, já mencionada, que combinava elementos do neoliberalismo com o velho sindicalismo que se “modernizou”, além de várias pequenas centrais como a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Nova Central, todas dotadas de pequeno nível de representação sindical e de algum modo herdeiras do velho sindicalismo dependente do Estado.

No campo da esquerda sindical anticapitalista, em clara oposição aos governos Lula/Dilma, são importantes a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas) e o movimento INTERSINDICAL. A primeira se propõe a organizar não só os sindicatos, mas também os movimentos sociais extra-sindicais, e a segunda (ainda que hoje se encontre dividida) é também oriunda de setores de esquerda que romperam com a CUT, tendo um perfil mais acentuadamente sindical e voltado para a reorganização do sindicalismo pela base, contra a proposta de criação de uma nova Central.

2) Em 2010 foram R$ 84,3 milhões para as centrais: segundo o Ministério do Trabalho, as duas maiores centrais, CUT e Força Sindical, receberam R$ 27,3 milhões e R$ 23,6 milhões, respectivamente - valores que representam 80% do orçamento da Força e 60%, da CUT. Em seguida, os maiores beneficiados foram a União Geral dos Trabalhadores (UGT), com R$ 14 milhões; Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), que embolsou R$ 9,9 milhões; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), R$ 5,3 milhões; e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), R$ 3,9 milhões.


Ricardo Antunes é professor titular de Sociologia do Trabalho no IFCH/UNICAMP e autor, entre outros livros, de O Continente do Labor (Boitempo) que acaba de ser publicado. Coordena as Coleções Mundo do Trabalho (Boitempo) e Trabalho e Emancipação (Ed. Expressão Popular). Colabora regularmente em revistas estrangeiras e nacionais.

Publicado originalmente no Jornal dos Economistas do Rio de Janeiro, n. 268, novembro de 2011.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ministra Ana lamenta falecimento do cantor Pery Ribeiro


Ministério da Cultura
Ministra Ana lamenta falecimento do cantor Pery Ribeiro
Parte Pery Ribeiro, e o Brasil perde uma bela voz, um cantor que, com grande estilo, interpretou desde samba-canção e bossa-nova até composições mais recentes. Sentiremos todos sua falta, que só será suavizada ao reescutarmos suas gravações. Envio meus abraços solidários à família, amigos e admiradores de Pery.

Ana de Hollanda
Ministra de Estado da Cultura

A liquidez de Bauman: implicações para as práticas de pesquisa na contemporaneidade

A liquidez de Bauman: implicações para as práticas de pesquisa na contemporaneidade

Zygmunt Bauman nasceu no ano de 1925 na Polônia. Depois de ter artigos censurados no país, em 1968, emigrou para a Inglaterra, e deu início ao processo de reconstrução de sua carreira passando pelo Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha onde, em 1971, tornou-se professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por cerca de 20 anos. Por esta trajetória, o próprio cientista social considera-se um exemplo ao discutir as questões de identidade e pertencimento.

Fanfiction: fenômeno da extimidade contemporânea

Fanfiction: fenômeno da extimidade contemporânea

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Camping Nacional de Revezamento começa nesta 5ª feira em São Paulo

Rosangela: campeã dos 100 m no PAN
Com a apresentação dos atletas convidados ao coordenador-técnico Katsuhico Nakaya, começa o Camping Nacional de Revezamento 4x100 m 2012 - Masculino e Feminino 2012. O objetivo é preparar os quartetos nacionais para a Olimpíada de Londres. O Camping realizado pela CBAt, com apoio do COB, por meio do Fundo Olímpico, será aberto na noite desta quinta-feira 23, prosseguindo até a manhã de domingo 26, em São Paulo..

"Este Camping é basicamente de reunião dos velocistas mais bem colocados no Ranking Brasileiro 2011, de apresentação do trabalho e de uma análise do pessoal", comentou Nakaya. "Eles ainda estão em início de treinamento e a ideia é pegar leve neste momento. Em março e abril, em outros Campings, a coisa será mais específica."

A Confederação Brasileira de Atletismo, responsável pelo Camping, convocou os 10 primeiros atletas do Ranking Brasileiro dos 100 m, no masculino e no feminino. Nakaya espera a presença da maioria dos convidados, como Ana Cláudia Lemos, campeã pan-americana dos 200 m, e Rosangela Santos, campeã dos 100 m no PAN, e Bruno Lins, finalista nos 200 m no Mundial de Daegu-2011.

Foram convidados também os técnicos José Figueiredo (RN), Vania Maria Valentino da Silva (RJ), Marcelo dos Santos Lima (SP), Maria Aparecida Barbosa (SP), Paulo Servo Costa (RJ), Adriano da Costa Vitorino (SP), Margit Weisi (SC), Gustavo dos Santos Gomes (RJ) e Ricardo de Souza Barros (SC).

Os treinos serão dados na pista Adhemar Ferreira da Silva, do COTP/CNTA Caixa São Paulo, na Vila Clementino.

PROGRAMAÇÃO
Dia 23/02/2012
 
Chegada dos Participantes 
20:00 a 22:00 - Hotel

Dia 24/02/2012 
09:00 às 13:00 - Centro de Avaliação Pão de Açúcar - Avaliação Reação Visual Simples 
14:00 as 18:00 - Centro de Avaliação Pão de Açúcar - Avaliação Acuidade Visual Dinâmica 
20:30 - Palestra - Irineu Loturco 

Dia 25/02/2012 
09:00 às 12:00 - Treino de Revezamento 4x100m Feminino / Treino Individualizado Masculino
15:00 as 18:00 - Treino Individualizado Feminino / Treino Revezamento Masculino
20:30 as 22:00 - Palestra - Psicologia - Simone Meyer Sanches.

Dia 26/02/2012 
09:00 a 12:00 - Treino de Revezamento Feminino e Masculino
13:00 - saída dos atletas para suas cidades


Por:  Da Assessoria de Imprensa da CBAt

CNBB escolhe saúde pública como tema da Campanha da Fraternidade e critica corte do Orçamento


Daniella Jinkings

Repórter da Agência Brasil
Brasília – Com o tema Fraternidade e Saúde Pública, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou hoje (22) a 49ª Campanha da Fraternidade, que pretende sensibilizar os fiéis sobre a situação das pessoas que enfrentam longas filas de atendimento e falta de vagas em hospitais públicos do país. Para o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, não é exagero dizer que a saúde pública no país não vai bem.
De acordo com ele, é preocupante a decisão do governo de cortar cerca de R$ 5 bilhões da área de saúde. “Os problemas verificados na área da saúde são reflexo do contexto mais amplo de nossa economia de mercado, que não tem, muitas vezes, como horizonte, os valores ético-morais e sociais”.
No texto-base da campanha, a CNBB expõe as grandes preocupações da Igreja com relação à saúde pública, como a humanização do atendimento aos pacientes e o financiamento da saúde pública, classificado pela confederação, como “problemático e insuficiente”. A entidade critica ainda a escassez de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto da campanha compara os gastos da saúde no Brasil com o de alguns países em que 70% do que é dispendido na área vêm do governo e 30%, do contribuinte. Já no Brasil, em 2009, o governo foi o responsável por 47% (R$ 127 bilhões) dos recursos aplicados na saúde, enquanto as famílias gastaram 53% (R$ 143 bilhões).
No entanto, segundo dom Leonardo, a Igreja reconhece também alguns avanços na área, como a redução da mortalidade infantil, a erradicação de algumas doenças infecto-parasitárias e o aumento da eficiência da vacinação e do tratamento da aids. “São significativos os avanços verificados nas últimas décadas na área da saúde pública”.
De acordo com o ministro da saúde, Alexandre Padilha, que participou do evento, este ano a saúde terá orçamento 17% maior que em 2011, R$ 72 bilhões. “O aumento de R$ 13 bilhões é o maior aumento nominal que já existiu de recursos para a saúde de um ano para o outro, desde o ano 2000. O meu papel como ministro não é ficar esperando os recursos virem, mas, sobretudo, fazer mais com o que temos”.
Segundo ele, o debate sobre o financiamento da saúde continua e será mais amplo com o apoio da campanha da fraternidade. O ministro disse ainda que o contingenciamento de R$ 5 bilhões, com o corte do Orçamento anunciado pelo governo na semana passada, não afetará nenhum programa da pasta. “Tudo o que estava programado pelo Ministério da Saúde e foi encaminhado para o Congresso Nacional está absolutamente mantido”.
Segundo o membro do Conselho Nacional de Saúde Clóvis Boufleur, a campanha da fraternidade pretende efetivar a participação de conselhos estaduais e municipais de saúde. Entre os temas que serão debatidos nos conselhos, está a violência, a obesidade e a gravidez na adolescência. “A violência dentro de casa se transformou em um problema de saúde. A partir dos 4 anos de idade, os acidentes e a violência são as principais causas de mortes de crianças e jovens”.
Edição: Lana Cristina

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Corrupção prejudica a qualidade da democracia brasileira


Por Antonio Carlos Quinto - acquinto@usp.br
Brasil já sente os efeitos da corrupção na qualidade da democracia
Entre os males causados pela corrupção no Brasil, um dos principais é a ameaça à democracia. “Principalmente em relação à qualidade do regime”, descreve o cientista político e engenheiro Carlos Joel Carvalho de Formiga Xavier. No Brasil, há 25 anos a maior preocupação era com a transição para a democracia. Mais tarde, houve o período de discussão e consolidação do regime. “Atualmente, a preocupação é justamente com a qualidade. E o Brasil já sente os efeitos danosos da corrupção em sua democracia”, enfatiza o pesquisador.
Em sua pesquisa de mestrado realizada no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Formiga destaca que um dos pontos em que se pode observar a queda da qualidade da democracia no Brasil é justamente na pouca participação e interesse da população por política de um modo geral.
No estudo de mestrado A corrupção política e o caixa 2 de campanha no Brasil, que teve a orientação do professor José Álvaro Moisés, da FFLCH, Formiga faz uma análise de como a democracia é afetada, em especial na “responsividade” do governo. “A corrupção tira do governo a capacidade de responder às necessidades da população e desconsidera as preferências da maioria dos cidadãos em favor de uma minoria disposta a pagar pelo privilégio”, avalia. A pesquisa acaba de ser selecionada pela Associação Internacional de Ciência Política (IPSA) para ser apresentada em julho próximo no XXII Congresso Mundial de Ciência Política, que acontecerá em Madrid, na Espanha.
Qualidade afetada
Apesar de o Brasil ter um dos sistemas eleitorais mais eficientes do mundo, a qualidade de nossa democracia não acompanha o bom nível das nossas eleições. A revista inglesa The Economist estabelece anualmente um ranking que avalia a qualidade das democracias em diversos países. “De acordo com o último estudo, de 2011, o Brasil está na 45ª posição, entre 180 países. Nações de mesmo nível de desenvolvimento socioeconômico estão em melhor posição que a nossa, quando o assunto é a qualidade da democracia. Países como Cabo Verde, África do Sul, Botswana, Timor Leste e Índia estão acima de nós”, informa o pesquisador. O ranking avalia as nações em cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política, cultura política e liberdades civis.
Participação
Formiga enumera em sua pesquisa oito dimensões fundamentais para avaliação da qualidade da democracia. A responsividade, o primado da lei, a liberdade, a participação, a igualdade, a competição, e o que a Ciência Política chama de accountabilitty horizontal (o controle e responsabilização dos atores políticos feitos por agências reguladoras, tribunais e pelo poder legislativo, como em uma CPI) e de accountabilitty vertical (a aprovação ou punição dos políticos eleitos pelos cidadãos, principalmente pelo voto nas urnas).
Democracia é prejudicada em função das altas quantias envolvidas nas campanhas eleitorais
Além da responsivade, que ele considera um dos principais aspectos prejudicados, o “primado da lei” é afetado pelos esquemas de corrupção quando estes atingem parte dos sistemas judiciários. “Temos como exemplo a justiça eleitoral brasileira, que não consegue combater de forma eficiente o caixa 2 em campanhas eleitorais”, explica. Formiga vê como outro fato complicador os altos valores, muitos de fontes duvidosas, que se gastam num processo eleitoral. “Há as doações declaradas, mas também as que não são declaradas, e que são relevantes”, descreve. “Nosso sistema eleitoral é confiável, mas os resultados podem estar sendo distorcidos, prejudicando a democracia em função das altas quantias gastas nas campanhas, que estão entre as mais caras do mundo”, avalia.
Em virtude da dificuldade em se estudar fenômenos ilícitos, praticados na obscuridade, Formiga adotou uma abordagem metodológica heterodoxa, valendo-se, além de uma extensa pesquisa bibliográfica e de dados de estudos existentes, de observações descritivas a partir de depoimentos e notícias de jornal abrangendo casos de corrupção política e caixa 2 de campanha entre os anos de 2004 e 2010.
Participação da população não é satisfatória em relação à classe política
Apesar de a informação ser abrangente nos dias atuais, o cientista considera que a participação da população não é satisfatória em relação à classe política. “Os cidadãos têm, em geral, acesso as informação sobre práticas corruptas. Consideram esse fato relevante, mas provavelmente não punem os políticos corruptos por não enxergar alternativas viáveis.” Além disso, o próprio Congresso não exerce uma vigilância eficiente nos dias de hoje, com pouca cobrança por parte da oposição em relação aos diversos processos que envolvem esses delitos. “Provavelmente, trata-se do ‘efeito telhado de vidro’”, sugere. Segundo Formiga, houve tempos em que as CPIs eram mais atuantes e ganhavam os noticiários.
Pensando em tendências futuras, por um lado há o risco de agravamento desse quadro pela deterioração da qualidade dos políticos em função da renovação continuada da classe sob um clima de forte desprestígio da política, que pode afastar os melhores e mais brilhantes dessa atividade. Por outro, ele aponta como caminho de melhora mudanças nas regras eleitorais e no comportamento do eleitor que levem à redução do peso do dinheiro nas eleições, abrindo espaço para políticos que adotem por estratégia o combate à corrupção, sem o ‘telhado de vidro’, dando início a um ciclo virtuoso. Para Formiga, esse deveria ser o foco de uma reforma política.
Mais informações: joelformiga@superig.com.br

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CINEfoot

FALTAM 100 DIAS PARA A EDIÇÃO 2012 DO CINEfoot,

O ÚNICO FESTIVAL DE CINEMA DA AMÉRICA LATINA

SÓ COM FILMES SOBRE FUTEBOL.

 

E para comemorar, um time de craques vestiu a CAMISA 100 do evento.

Nesta terça-feira, 14 de fevereiro, faltarão exatos 100 dias para o início da 3ª edição do CINEfoot,  o único festival de cinema do Brasil e da América Latina com filmes exclusivamente sobre futebol. Para marcar a data, o CINEfoot 2012 confeccionou uma camisa comemorativa especial e convidou um time de primeira para posar com a camisa 100.


1. Marcos Evangelista de Morais, o Cafu, bicampeão mundial pelo Brasil (1994 e 2002), bicampeão mundial interclubes e bicampeão da Libertadores.
2. Mano Menezes, atual técnicos da seleção brasileira.
3. Raí, campeão mundial pelo Brasil em 1994, campeão mundial interclubes e bicampeão da Libertadores.
4. Jürgen Klinsmann, jogador (de 1981 a 2003) e técnico (de 2004 até hoje) dos mais importantes e conhecidos da Alemanha.

 Além de exibir uma vasta cinematografia de futebol oriunda de várias partes do mundo e uma rica seleção brasileira, o 3º CINEfoot promove homenagens, debates e apresenta os filmes brasileiros ao mais tradicional festival da categoria em todo o mundo, o 11MM - Festival Internacional de Filmes de Futebol de Berlim, cujos organizadores já confirmaram presença no Rio de Janeiro.
 
Para a próxima edição, no Rio de Janeiro, as mostras competitivas de curta e longa metragens seguem em formato internacional, assim como em 2011. Os vencedores, eleitos pelo voto do público, recebem a Taça CINEfoot, um troféu nos moldes das grandes competições futebolísticas, criado especialmente para o evento.
Em 2010, os vencedores foram o longa “Inacreditável - A Batalha dos Aflitos”, de Beto Souza (RS), e o curta “Mauro Shampoo – Jogador, Cabeleireiro e Homem”, de Leonardo Cunha Lima e Paulo Henrique Fontenelle (RJ). Já em 2011, a Taça CINEfoot ficou com o longa “Copa Vidigal”, de Luciano Vidigal (RJ), e com o curta “Porque hay cosas que nunca se olvidan”, de Lucas Figueroa (Espanha).
 
Em São Paulo, o 3º CINEfoot apresenta uma rica e variada seleção de filmes em caráter não competitivo.
As inscrições de curtas e longas-metragens para as mostras competitivas do CINEfoot podem ser efetuadas até 1º de março de 2012, através do site do festival. São aceitos trabalhos produzidos em qualquer formato, suporte ou gênero, que tratem do tema FUTEBOL, e não há restrições quanto ao ano de realização. 
O CINEfoot é o único festival de cinema do Brasil e da América Latina com abordagens conceitual e curatorial exclusivas sobre a maior paixão nacional: o futebol. A terceira edição do evento acontece de 24 a 29 de maio, no cinema Arteplex, Rio Janeiro, e no Museu do Futebol, em São Paulo, entre 31 de maio e 03 de junho, com entrada franca nas duas cidades.

CINEfoot - PRATICAMOS O FUTEBOL ARTE.

www.facebook.com/cinefoot
www.twitter.com/cinefoot
Serviço:

3° CINEfoot - Festival de Cinema de Futebol.
De 24 a 29 de maio, no Unibanco Arteplex, Praia de Botafogo (Rio) e de 31 de maio a 3 de junho, no Museu do Futebol do Estádio do Pacaembu (São Paulo).

Entrada Franca.
Classificação etária Livre
Realização: Conexão Cultural e IBEFEST – Instituto Brasileiro de Estudos de Festivais Audiovisuais. Parceiros estratégicos: MUSEU DO FUTEBOL e FESTIVAL 11 mm.

Saiba mais em:
www.cinefoot.org
cinefoot@cinefoot.org
Twitter: www.twitter.com/cinefoot