terça-feira, 19 de outubro de 2010

Instituições da Amazônia precisam aumentar a cooperação científica


Assunto será tema de conferência na Reunião Regional da SBPC em Boa Vista (RR).

Apesar de enfrentarem problemas como a restrição orçamentária e a falta de pesquisadores, há na Amazônia brasileira um conjunto de universidades e instituições de pesquisa que, mesmo atuando ainda de forma um pouco isolada, têm contribuído significativamente para o avanço do conhecimento sobre o maior bioma do mundo. Se ampliassem a cooperação científica entre si e com instituições de pesquisa de outros países, seria possível que essas instituições fortalecessem e aumentassem suas capacidades de realizar pesquisas.
É o que avalia o diplomata brasileiro, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, Ademar Seabra da Cruz Junior, que abordará esse assunto em uma conferência que fará na Reunião Regional da SBPC em Boa Vista – evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência realizará de 19 a 22 de outubro em Boa Vista (RR).
De acordo com o Cruz Junior, já existem alguns acordos de cooperação científica entre universidades e instituições de pesquisa de países da Amazônia, como um celebrado no âmbito da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e com países como a França, por exemplo. Porém, ainda são poucos e estão aquém das possibilidades e necessidades da região. “É preciso que haja maior sinergia entre as universidades e instituições de pesquisa da Amazônia brasileira com os demais países amazônicos e do exterior. Como elas apresentam um nível de pesquisa inferior, em termos quantitativos, em relação aos centros de pesquisa e desenvolvimento localizados em outras regiões do País, essa ação conjunta é ainda mais necessária”, afirma.
Segundo ele, o primeiro passo que deve ser dado nesse sentido é promover a integração entre as universidades e instituições de pesquisa da região por meio da unificação de seus programas de pesquisa. Os estudos desenvolvidos em centros de P&D de países amazônicos como o Peru e a Venezuela, por exemplo, poderiam ser articulados com os realizados por instituições brasileiras como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Já em uma segunda etapa seria preciso estimular a cooperação das universidades e instituições de pesquisa da Amazônia com centros de ciência e tecnologia estrangeiros. Na avaliação dele, por meio da criação de consórcios e redes colaborativas internacionais seria possível aprimorar a capacidade de pesquisa das instituições de ciência e tecnologia da região, que poderiam dar saltos em estudos em áreas estratégicas, a exemplo da biotecnologia.
“Há grandes centros de pesquisa na área de biotecnologia na França e no Reino Unido, por exemplo, que gostariam de desenvolver pesquisas com instituições amazônicas em regime de co-autoria e se instalarem na região”, conta. “Mas elas só não fazem isso ainda de forma sistemática porque, apesar de existir legislações no País que possibilitem isso, como as Leis da Biodiversidade e da Biossegurança, ainda não há um projeto estratégico para a Amazônia que assegure quais as vantagens comuns adviriam desse tipo de investimento. Quando a região tiver um plano nesse sentido, não faltarão recursos e apoio”, assegura.
Transformação – Na opinião do diplomata, a cooperação científica internacional na Amazônia também poderia resultar na criação de condições para a geração a longo prazo de um pólo de pesquisas na região em áreas como a própria biotecnologia que reuniria, além de instituições de pesquisa, pequenas e médias empresas internacionais, associadas a empresas brasileiras. Juntas, poderiam dar origem a novos empreendimentos na região, como indústrias de fitoterápicos ou de alimentos funcionais.        
“Não é do nosso interesse que a Amazônia seja utilizada para exportação de produtos de baixo valor agregado, mas sim em uma fonte sustentável de riqueza, que possa contribuir para a melhoria das condições de vida da população da região”, afirma. “Mas esse processo de decisão sobre um plano estratégico para a região, que transformaria seu perfil econômico, precisa ser feito com embasamento científico e a SBPC poderia liderar essa discussão.”      
Sobre o evento – A Reunião Regional da SBPC em Boa Vista (RR) será realizada de 19 a 22 de outubro de 2010, nas dependências da Universidade Federal de Roraima (UFRR). O evento tem o objetivo de discutir políticas públicas de ciência e tecnologia (C&T) e disponibilizar conhecimentos que possam ajudar a promover o desenvolvimento sustentável da região. Mais informações: http://www.sbpcnet.org.br/boavista/home/
Sobre a SBPC: A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma entidade civil, sem fins lucrativos nem cor político-partidária, voltada para a defesa do avanço científico e tecnológico, e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Desde sua fundação, em 1948, a SBPC exerce um papel importante na expansão e no aperfeiçoamento do sistema nacional de ciência e tecnologia, bem como na difusão e popularização da ciência no País.
Sediada em São Paulo, a SBPC está presente nos demais estados brasileiros por meio de Secretarias Regionais. Possui cerca de 90 sociedades científicas associadas e mais de 10 mil sócios. Além de Reuniões Regionais, a entidade realiza sua Reunião Anual que é considerada o principal evento científico do Brasil. 

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