terça-feira, 13 de outubro de 2009

X Prêmio Arte na Escola Cidadã divulga as experiências educativas  vencedoras

Aos que ainda se perguntam para quê se ensina arte na escola,  as experiências educativas vencedoras da décima edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã são uma verdadeira aula. Dividida em níveis de ensino – Infantil,  Fundamental I,  Fundamental II,  Médio e Educação de Jovens e Adultos – a décima edição do Prêmio reuniu um conjunto de 548 inscritos em todo o Brasil. Este  é o único prêmio específico da área de Arte em todo o país, portanto estas experiências educativas representam uma amostra nacional significativa do ensino da arte na escola.  E elas apontam para a seriedade e consistência com que os professores vem trabalhando a relação ensino aprendizagem, tratando Arte como área de conhecimento e não equivocadamente como atividade complementar ou indutiva para outros fins.

Dialogando com outras disciplinas ou ainda com temas transversais , as cinco experiências educativas  vencedoras foram selecionadas entre as 53 finalistas em todo o país, justamente por comprovar, na prática, que os conteúdos de  Arte ensinados propiciaram mudanças de atitude e novos conhecimentos entre os alunos.  As questões de cidadania encontradas nos trabalhos do cinco professores selecionados têm uma enorme capacidade mobilizadora, que extrapola os muros da escola construindo, em alguns casos, conhecimento com a comunidade. 

"A qualidade das experiências educativas  inscritas este ano no Prêmio Arte na Escola Cidadã foi excepcional", destaca Denise Grinspum, gerente geral do IAE. "Estamos diante de uma nova geração de professores que enxerga o professor como um dos elos dentro do processo de aprendizagem e que não hesita em reconhecer que é fundamental unir força e  aprender com os alunos", ressalta Mirca Bonano, coordenadora do Prêmio. 

Para assegurar uma avaliação justa nas premiações, o Instituto Arte na Escola realiza a seleção em três  etapas – local, regional e nacional – com comissões julgadoras distintas.  "Esta metodologia assegura o respeito à diversidade regional e o correto entendimento da relevância de cada iniciativa em seu contexto local", explica Mirca. "As comissões são formadas de acordo ao perfil das experiências educativas inscritas e são os coordenadores da Rede Arte na Escola que indicam e elegem professores, pesquisadores e estudiosos da educação em arte para compor estes grupos de avaliadores, que pautados com os critérios de seleção explicitados no regulamento do concurso, elegem os vencedores em cada um dos níveis de educação.

Cada professor responsável pela experiência educativa premiada receberá R$ 7 mil, além de passagem e estadia até Recife (PE), onde acontecerá a cerimônia de premiação em 13 de outubro.  Eles também receberão um documentário em vídeo sobre sua iniciativa que estará disponível no site http://www.artenaescola.org.br/premio/avaliacao_nacional.php  a partir de 15 de outubro, Dia do Professor, junto com o registro da entrega dos prêmios.  A escola onde o projeto foi desenvolvido, por sua vez, receberá um computador e uma máquina fotográfica digital.




Os projetos vencedores

Educação Infantil
Gilmária Ribeiro da Cunha - "Somos brasileiros, somos diferentes"
Salvador – BA


Desenvolvido com crianças de cinco anos no Centro Municipal de Educação Infantil Cid Passos, localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador (BA).  A região abriga famílias de baixa renda, porém com uma herança cultural rica, advinda de raízes africanas e indígenas. E foram essas raízes que o projeto "Somos brasileiros, somos diferentes" se propôs a resgatar e difundir entre as crianças. Para tanto, foram utilizadas as mais variadas praticas artísticas utilizando: tintas, argila, isopor, diversos tipos de papel, roupas, livros de literatura infantil, vídeos e até excursões.   Com elas, as crianças puderam se expressar por meio de diferentes linguagens, construindo sua identidade cultural e assimilando o conceito de multiculturalismo – o que, por sua vez, contribuiu para a o conhecimento da cultura de sua cidade. 

Ensino Fundamental 1
Juliana Carnasciali Muniz - Bla Bla Bla
Osasco - SP

"Bla bla blá" visava levar 480 alunos de quinto ano do ensino fundamental da E.E.I.E.F. Embaixador Assis Chateaubriand, em Osasco (SP)  a perceber seu próprio corpo como veículo expressivo que pode comunicar arte.  A escolha do tema foi feita após consultas com professores de outras disciplinas, que confirmaram seu diagnóstico de que a mente e o corpo dos alunos estavam desconectados, com noções de equilíbrio, percepção corporal e estruturação espacial defasados em relação à sua faixa etária, de nove a dez anos. O caminho escolhido para ampliar o encontro dos alunos com a arte e o corpo foi a experiência poética sonora, que permitiu potencializar nos alunos a capacidade de relacionar corpo,  e espaço dentro da arte contemporânea.  O trabalho de percepção corporal foi amparado por interrelações com as aulas de educação física, ciências, história, geografia e língua portuguesa.
Ensino Fundamental 2
Cecília Luiza Etzberger-"Visitando os mundos da Arte"
Ivoti - RS

O projeto foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho, no município de Ivoti (RS), com um grupo de alunos da sexta série que contava com o envolvimento de suas famílias no processo de aprendizagem.  Este contexto permitiu que arte, história local e história pessoal aflorassem e se cruzassem em um processo transversal, multidisciplinar, que teve a arte como fio condutor.  O ponto de partida foi o estudo da arte medieval, o qual permitiu uma reinterpretação da arquitetura da Igreja Matriz de São Pedro patrimônio cultural local.  Por meio de atividades em sala de aula e visitas ao local, os alunos desenvolveram uma exposição fotográfica que foi exibida não só na escola, mas também em locais públicos da cidade.

Ensino Médio
Flávia Roberta Alves Costa - "Arte: Impressão e Expressão que transforma"
Recife - PE

Desenvolvido com uma turma de 30 estudantes do segundo ano de ensino médio da Escola Mater Christi em Recife (PE), o projeto teve por objetivo favorecer a construção da identidade dos estudantes, reconhecendo e respeitando as diferenças.  Para tanto, ao longo do primeiro semestre do ano passado os alunos puderam experimentar as diversas linguagens artísticas.  No segundo semestre, foi tempo de realizar projetos e ações que concretizassem o potencial criativo dos alunos, individualmente, e do grupo. O entusiasmo com a crítica de arte vivenciada pelos estudantes levou à criação de um espaço para publicação de seus textos, que resultou em uma revista de alunos e professores dedicada ao tema Artes, além de um salão de arte realizado na escola onde todas as suas descobertas artísticas foram socializadas com a comunidade escolar. Houve uma importante apropriação do sentido da arte contemporânea.

Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos - EJA
Jacson Silva Matos - "Cavalo Nóia"
São Paulo - SP


"Cavalo Nóia" é um projeto cultural desenvolvido na Escola Estadual Prof. Lauro Pereira Travassos, localizada em Vila Missionária, bairro constituído irregularmente em uma área de manancial na periferia da Zona Sul de São Paulo.  Seu objetivo é atrair de volta à escola os alunos, afastados pelos relatos de violência que comprometiam a imagem da escola, e resgatar sua auto-estima e orgulho de suas raízes, uma vez que a comunidade é formada em grande parte por êxodos do norte e nordeste do país.   

Dirigido a adultos, ou seja, donas de casa, trabalhadores e terceira idade, além de jovens que queriam dar continuidade aos estudos interrompidos, o projeto parte da junção das manifestações artístico-culturais de suas origens: boi-bumbá, reisado, cavalo-marinho, carnaval de rua, folguedos, São João, quermesse, maracatus, samba de roda, capoeira e jongos. Juntas, elas formam o evento de final de ano da escola, cuja elaboração é distribuída ao longo dos bimestres em atividades educativas e preparatórias.  As atividades reúnem inúmeros voluntários e parceiros da comunidade (comércio local, igreja) e resultaram em um evento que reuniu 3,5 mil pessoas em sua última edição, em 2008. O sucesso do trabalho com o EJA vem ampliando significativamente a participação de outras pessoas ano já se apresentando como uma importante festa cultural da região.

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