sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Dos neurônios aos cliques: a educação em rede

Por Camila Alexandrini*
Nosso cérebro se comporta de maneira surpreendente. Diferentemente do que se pensava, o processamento de informações não se dá somente por estímulo e resposta. Operam, nesse meio, as redes neurais, que são conjuntos de neurônios e os diferentes caminhos tomados pelas sinapses. Uma rápida busca no Google segue a mesma lógica: milhares de links surgem em milésimos de segundos, sugerindo centenas de sites sobre o assunto pesquisado. A forma como chegamos à informação, seja para a Medicina ou por técnicas de SEO, representa uma engrenagem bastante complexa. Contudo, a união dessas redes tem representado uma nova forma de aprendizado para as pessoas.  

O avanço da Internet e da tecnologia proporciona ferramentas que possibilitam não só o acesso ao conhecimento, mas também o compartilhamento para diferentes públicos. No Brasil, por exemplo, já são mais de 50% das casas com acesso à Internet, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Isso mostra que mais pessoas estão consumindo informação e, consequentemente, participando de sua produção e divulgação. Esse comportamento aponta para uma nova realidade em que as pessoas tornam-se autoras e leitoras dos conteúdos que lhe são necessários. Dessa forma, a perspectiva sobre o uso de soluções tecnológicas no aprendizado deixa de ser algo temeroso e passa a ser vista como inovadora e apropriada para a sociedade no século 21.

Ainda que a Internet exija agilidade e, por isso, nos deixe com menos tempo para reflexão sobre as ações tomadas na web, isso não representa necessariamente que as pessoas são impulsivas, despreocupadas ou irresponsáveis. Elas podem ler uma manchete revoltante e compartilhar em suas redes sem se inteirar sobre o conteúdo completo. Contudo, é bem provável que no dia seguinte, ao conversarem com amigos e colegas de trabalho, retomem o tema para discussão – até mesmo voltando ao texto, ao vídeo e à reportagem para pensar e refletir mais. 

O professor Michael Horn, conhecido por suas propostas educacionais conhecidas como blended learning, afirmou em uma entrevista que disrupção é algo bem mais específico do que o sentido genérico por vezes utilizado. Significa uma inovação que tornou bem mais amplo, conveniente e simples algo caro, complicado e inacessível, e assim consegue atender diferentes pessoas. Dessa forma, parece que a tecnologia na educação ajudou mesmo a quebrar paradigmas e tem reformulado as formas de se aprender. 

É por meio das redes que aprendemos: entre neurônios, sites e pessoas que não necessariamente compartilham o mesmo espaço. No fundo, os contatos estabelecidos sempre serão instigantes e ricos se a aprendizagem, dentro ou fora da escola, levar em conta que as pessoas sempre estão reinventando os percursos até o conhecimento desejado. 

* Camila Alexandrini é professora de português e redação do MeSalva!, plataforma educacional que oferece cursos preparatórios para ENEM e concursos e reforço escolar para ensino médio e superior

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