segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DIA MUNDIAL DA ALFABETIZAÇÃO – 8 DE SETEMBRO



Em 1967, a ONU e UNESCO declararam o dia 8 de setembro como o Dia Internacional da Alfabetização, tendo como objetivo despertar a consciência da comunidade internacional para a responsabilidade de fazer valer o direito  ao desenvolvimento pleno e à educação de qualidade que todo cidadão tem.
Em âmbito educacional e como proposta de reflexão, algumas questões tornam-se importantes: O que significa comemorar esta data quando se pensa em tantos contextos onde o índice de analfabetismo supera as expectativas e metas educacionais? Qual a importância das competências leitora e escritora para a vida da pessoa? Quais os apelos que se fazem ao comemorar o dia Mundial da Alfabetização?
Do ponto de vista comportamental da aprendizagem, por muito tempo e ainda presente em algumas práticas pedagógicas, a alfabetização é considerada como um processo cumulativo de informações baseado na cópia, na repetição e na memorização das correspondências fonográficas, as quais levam a pessoa a desenvolver a compreensão do funcionamento do sistema de escrita alfabética, quase de forma mecânica.
Porém, quando esta concepção vem associada à visão da psicologia e da linguística, nota-se a necessidade de superar o que é meramente mecânico para assumir o processo de alfabetização como uma realidade contextualizada e dinâmica, confirmando o princípio de Paulo Freire, ao afirmar que “ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, pois a leitura do mundo antece a leitura da palavra”.
O esforço para explicar o processo de alfabetização provocou o surgimento de inúmeras metodologias e estratégias com o objetivo de instrumentalizar as pessoas e capacitá-las para decodificar os símbolos gráficos, como se isto bastasse para tranquilizar a sociedade e os educadores, convencidos de estarem cumprindo os seus papéis a partir do momento em que “ler e escrever” fossem de domínio de todos. Este é apenas o ponto de partida, importante para diminuir a discriminação que ainda existe entre os “alfabetizados = letrados” e os “analfabetos = ignorantes”. Mas não o suficiente para acomodar a nossa consciência de educadores e cidadãos!
Sob a ótica da Declaração dos Direitos Humanos, mais do que “ser instruído para o domínio da leitura e da escrita”, ser alfabetizado é um direito orientado para o pleno desenvolvimento da personalidade humana, capaz de  promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, em prol da manutenção da paz. (cfr. Declaração Universal dos Direitos Humanos – Artigo XXVI)
Portanto, ao comemorar o Dia Mundial da Alfabetização, mais do que evidenciar e anunciar os números e os índices de analfabetismo no Brasil e no mundo, que não são poucos, torna-se imprescindível refletir em todos os setores da sociedade, que o maior desafio não está no letramento, mas na formação de pessoas competentes na leitura e na escrita do contexto existencial da vida, muitas vezes contraditório, com respostas incoerentes e tremendamente vazias de valores e princípios.
Alfabetizar tecnicamente é fácil, principalmente porque, não obstante às condições socioeconômicas, as nossa crianças trazem um repertório infinitamente rico. Difícil e desafiador é alfabetizar no sentido amplo, pois é este que promove a reflexão e a mudança dos aspectos estruturais da prática educacional e dos seus fundamentos.
Enfim, os princípios descritos nos PCNs – Parâmetros Curiculares Nacionais da Educação Básica, sintetizam os objetivos e a importância do Dia Mundial da Alfabetização como oportunidade de novas ações educacionais, e reforçam a missão e a função da Escola e dos Educadores no processo de alfabetização dos seus alunos,  assumindo o compromisso de formá-los em valores humanos, dando-lhes todas as condições para serem sujeitos transformadores do meio no qual estão inseridos, preocupados com as questões éticas, políticas e sociais:
“Para formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos   com os quais se defrontam, é preciso organizar um trabalho educativo de modo a permitir que experimentem  e aprendam isso na escola, principalmente se os alunos não têm um contato sistemático com bons leitores. Quando não participam de práticas em que ler é indispensável, essa pode ser a única oportunidade de esses alunos interagirem com textos cuja finalidade não seja apenas a resolução de problemas do cotidiano”.
Que este dia traga para todos, novas e eficazes ações, mas especialmente atinja aos muitos que ainda não gozam do direito de ser alfabetizado.
Ros Marie Martiniak Closs – Psicóloga e Pedagoga
Coordenadora Pedagógica
Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo – Vila Alpina - SP
         São Paulo, setembro de 2011.

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