segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

poema

Chamam-te de assombro

De descaso

Consigo mesmo

Com os seus

Com os outros

Chamam-te de indignado

Hei Rosa Parks...

Toma o teu assento...

Fica quieta

Hei Clara do Anjos

Fica quieta e

 Calada-te

Digam para o Nelson Bafana Bafana

Ficar na Ilha

Hei gente que reluz ao sol

Não marchem

Fiquem ai

Nas quadras

Nos campos

Nos tablados

Nos palcos

Hei mãos levantadas

Abaixem

Hei gente cor de ébano

Que lotam as carceragem

Fiquem aonde estão!

Hei preta gente

Que vai de graça

‘’Pro’’ presídio

Que vai de graça

Pros manicômios

Que sobem nas árvores

Fiquem ao estão

Não lutem

Fiquem quietos

Calados

Mudos

Sem nada dizer

Hei preta gente

Do continente inútil

Para onde vão nesses navios?

Construir um país?

Um país continente?

Gerar riquezas?

Subir em árvores?

Em contos infantis?

Para onde vai a negra gente

Do velho mundo!

Gente que samba

Gente que sonha

Hei negra gente

Que sorri

Com os dentes de marfim

Que brilha:

Nas quadras

Nos campos

Nos tablados

Nos palcos

Hei preta gente

Que luta

Por dias melhores

Para além dos:

Das quadras

Dos campos

Dos tablados

Dos palcos

Preta gente

Que mora no morro

Que luta

E sonho

Com um futuro melhor

Samuel C. Costa é poeta em Itajaí

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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