quarta-feira, 29 de junho de 2011

Leonardo Boff, fim do capitalismo e sujeitos indefinidos

É muito interessante e proveitoso ler um intelectual reconhecido, brilhante teólogo e de profundas convicções religiosas, que utiliza elementos do marxismo como referência para discutir o capitalismo, na fase terminal desse sistema. Principalmente, quando alguns marxistas apressados, em nome de uma modernidade indefinida, desfazem-se de alguns conceitos e algumas idéias, tornando essa metodologia apenas uma peça de museu. Leonardo Boff, ex-capuchinho franciscano, vem mostrar-nos, com naturalidade, porque não se pode refugar essa ferramenta.

Peço-lhes licença, no entanto, para fazer alguns comentários a respeito do artigo, Crise terminal do capitalismo, publicado pelo boletim eletrônico da Fundação Lauro Campos (http://socialismo.org.br/) – Socialismo e Liberdade, que reproduzo abaixo.

Nesse trabalho, Leonardo Boff opta por contornar o antagonismo das classes sociais do capitalismo*, pois sequer as cita, apesar de mencionar um subproduto delas, o “exército de reserva” **. Prefere se referir aos “indignados”, que enchem as ruas e praças em vários países e aos “ladrões” que “estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu”.

Não deixa de apontar, porém, que a destruição do meio ambiente e o estrangulamento das condições de vida de enormes contingentes de exploradas e explorados (“, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas. – último §), farão secar as fontes em que o próprio capitalismo se alimenta: o lucro e, em conseqüência, a mais-valia.

Segundo Marx, as “forças produtivas”, agentes de toda criação de riquezas, cuja liberação do jugo das classes dominantes é indispensável para o surgimento de uma sociedade verdadeiramente humana, possuem três componentes inseparáveis: o ser humano, responsável pelo dinamismo, a natureza e a tecnologia.

Nesse entendimento, embora como um bem de produção pareça ser fonte de riqueza, a máquina não pode substituir o trabalho humano, o único componente remunerado pelo salário, a não ser como uma ilusão, que conduzirá o capitalismo ao seu próprio fim. É, justamente, da parcela da produção, pela qual as trabalhadoras e os trabalhadores – a força de trabalho - não recebem remuneração, que se alimenta o capitalismo.

A própria burguesia, classe dona dos meios de produção, vai, gradativamente, minguando, sendo que a parcela falida de seus integrantes passam a engrossar a multidão explorada. Isso derruba as teorias, que atribuem capacidade de longo período de realização da mais-valia com base no consumo de auto-padrão.

Além disso, ao marginalizar um número gigantesco e crescente de pessoas do mercado de consumo, coisa que nenhum paliativo (como o “Salário Família”) pode disfarçar por muito tempo, o sistema capitalista irá deixando de realizar a mais valia, também, por falta de consumidores.

Desculpem os leitores, se me alonguei nessas considerações. Pois, o texto de Leonardo Boff, a seguir, ainda que não defina os sujeitos da história que conta, merece o melhor das atenções.

Um grande abraço do,
William.
27/06/2011.

*O antagonismo de classes, para Marx, dar-se-ia entre as classes, cujos interesses econômicos polarizam na sociedade capitalista: a burguesia, classe dominante, dona dos meios de produção; e o proletariado e seus agregados, a classe trabalhadora, composta pelos assalariados pela burguesia. Cada qual com os seus agregados. Há, também, as classes intermediárias, formadas pela classe média e a pequena burguesia.

** “Exército de reserva” ou “exército industrial de reserva”, no conceito marxista, é a parcela de trabalhadoras e de trabalhadores mantida desempregada pelo mercado de empregos do capitalismo, justamente, para, através da competição, pressionar para baixo o nível salarial das e dos, que estão empregados.
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Fundação Lauro Campos
SOCIALISMO e LIBERDADE
fundacao@socialismo.org.br
http://socialismo.org.br/

Crise terminal do capitalismo?
Ecologia
Leonardo Boff
Sex, 24 de Junho de 2011 12:02


Leonardo Boff

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX, Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal, 12% no pais, e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados" que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: "não é crise, é ladroagem". Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

Leonardo Boff é teólogo e escritor, autor do livro "Proteger a Terra – cuidar da vida: como evitar o fim do mundo" (Record 2010).
socialismo.org.br

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Autoridades da área educacional de São Paulo avaliam Plano Nacional de Educação

Encontro será realizado neste dia 29 em São Vicente, na Baixada Santista


A União dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME SP - irá promover nesta quarta-feira, dia 29, o “I Encontro Temático do Programa Município que Educa”, que terá como tema Avaliação do Plano Nacional de Educação.

O prefeito Tércio Garcia e a secretária de Educação de São Vicente, Tânia Simões, assim como a presidente da UNDIME-SP, Suely Maia, que também é secretária de Educação de Santos, abrem o encontro, às 8h, no Centro de Convenções de São Vicente (av. Capitão Luís Antônio Pimenta, 811, Parque Bitaru – São Vicente – SP), na Baixada Santista.

Além de palestras e mesas redondas, que contarão com a presença dos dirigentes da UNDIME SP, do Instituto Paulo Freire e de diversos Secretários de Educação de municípios paulistas, os convidados também poderão conferir novidades no setor educacional. Na área dos estandes, por exemplo, a empresa Planeta Educação - especializada na implantação de soluções educacionais inovadoras - irá expor alguns programas como: ‘Gestão Fácil’, ‘Informática Educacional’ e “UCA - Um Computador por Aluno”, que já estão em execução nas escolas públicas de vários municípios de São Paulo, inclusive em Cubatão, Bertioga, Taboão da Serra, Osasco, Porto Feliz e Votorantim, entre outros.

“Os alunos do século XXI têm acesso à tecnologia desde muito pequenos. Por isso, o uso de laptops e dos laboratórios de informática na nas escolas são imprescindíveis para facilitar o aprendizado. O advento da tecnologia no ensino vai marcar uma nova geração de adultos, que hoje está sendo formada em nossas escolas”, afirma a Secretária de Educação de Caçapava, Irene Borsoi, sobre o Programa Informática Educacional da Planeta Educação.

O “I Encontro Temático do Programa Município que Educa” vai até as 17h.


PROGRAMAÇÃO:

Manhã:

8h às 9h15 – Credenciamento e Recepção

9h15 às 9h30 – Apresentação da Orquestra Sinfônica do Centro Educacional e Recreativo - CER

9h30 às 10h – Mesa de Abertura
Prefeito de São Vicente (SP), Tércio Garcia
Presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Pedro Gouvêa
Secretária municipal de Educação de São Vicente, professora Tânia Simões
Diretor do Instituto Paulo Freire, professor Paulo Roberto Padilha
Presidenta da UNDIME-SP e secretária municipal de Educação de Santos (SP), professora Suely Maia

10h às 12h
Conferência e debate com a platéia: Avaliação do Plano Nacional de Educação. Coordenação: professor Moacir Gadotti, presidente do Instituto Paulo Freire. Conferencistas: professora Cleuza Repulho, presidenta da UNDIME Nacional e secretária Municipal de Educação de São Bernardo de Campo (SP) e professor Roberto Franklin de Leão, presidente do CNTE.

12h às 14h – Almoço

Tarde:

14h às 16h30
Mesa Redonda - Tema: PNE e PME: Convergências e Desafios
Coordenação: professora Maria José Favarão, secretária de Educação de Osasco
Debatedores: professor Alberto Marques, vice-presidente da UNDIME-SP e secretário de Educação de São José dos Campos, e professor Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada - IBSA

16h30 às 17h – Coquetel de encerramento

Apoio: AHOM Educação, Aymará Educação, Desk Móveis Escolares, Editora Esfera, Educamax Projetos Educacionais, Grupo Diana Paolucci, Planeta Educação.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pressão sobre as escolas

Em recente artigo na Revista Veja com o título "Pra pobre analfabeto... tae kwon do!" Gustavo Ioschpe relata sua observação em relação a escolas que visitou com equipe de reportagem de uma emissora em diversas partes do Brasil.
Discorre sobre muitas delas, comparando as ações das que são boas com as que são ruins. Conclui com a seguinte anotação a título de Post Scriptum:
"P.S. As escolas públicas do país deveriam ser obrigadas por lei a pôr seu Ideb em placa de 1 metro quadrado ao lado da porta principal, em uma escala gráfica mostrando sua nota de zero a 10. Na placa deveria aparecer também o Ideb médio do município e do estado. A maioria dos pais e professores hoje não sabe se a escola do filho é boa ou ruim, e, se esperarmos que consultem o site do MEC, seremos o país do futuro por mais muitas gerações. Mande um e-mail para seu deputado e exija essa lei."
Pessoalmente enviarei ao jornalista um email e não a deputado algum, pelo que abaixo expomos.
De fato nada contra a apresentação dos indicadores da escola. Apenas que, desse modo parecerá que todas as outras escolas estão bem e só aquela que não. Quando um Estado como São Paulo apresenta historicamente rendimento escolar abaixo da crítica, indicaria o bom senso que esse não seja um problema de direção, corpo docente dessa ou daquela escola, mas de um sistema. Sugerir que se faça pressão para coagir as escolas a se mexerem, requer antes alguns elementos:
1- Corpo docente qualificado e com dedicação exclusiva;
2-Salários que não obriguem a que o professor acumule empregos para poder sobreviver;
3- Corpo docente estável na mesma escola;
4- Condições de atualização dos professores e tempo para planejamento semanal;
5- Proposta curricular de longa duração;
6- Material pedagógico adequado às condições dos alunos;
7- Pessoal de suporte técnico (psicólogo, assistente social) capaz de enfrentar a realidade das crianças em situação de risco;
8- Legislação que exija o comparecimento dos pais na escola.
Além de algumas observações que o próprio articulista declinou:
1- gestão que oriente e dê sentido ao todo (de fato, isso se mostra na Proposta Pedagógica da escola construída coletivamente)
2- envolvimento da direção
3- organização
4- material didático como base das aulas
5- avaliação constante (e acrescentaríamos, elaborada po objetivos e voltada para diagnóstico e não apenas para os resultados).

O autor, entretanto, não analisa que as escolas ditas 'boas' têm algum diferencial que não foi perceptível ou que não tenha sido relatado e por isso, acabe distorcendo a observação.
Há escolas que possuem parcerias - empresas ou pessoas que investem recursos próprios- e que com o tempo passam a ter rendimento melhor que a média das escolas. Há escolas em que os professores recebem um percentual a mais de salário (20%) em virtude da localização e isso serve como atrativo para profissionais melhor pontuados, mais experientes. Há escolas que juntam outros fatores, como 'proteção' de órgãos setoriais que indevidamente favorecem com recursos, meios, materiais, reformas. Há escolas com professores concursados, efetivos e que permanecem por longo tempo nela. Há, em contrapartida, as que são deliberadamente prejudicadas.
Então, divulgar só índices, não adianta e nem é justo. Não adianta porque os pais que não se incomodam com a vida escolar de seus filhos, não darão importancia a isso. Os que dariam importância, por outro lado, passariam a desacreditar e nem sempre com alternativa para matricular os filhos em outra escola, ou, ficariam aflitos mas sem saber dos promenores que levaram aquela escola a essa situação.
E ainda, um desafio. Visite uma escola e volte a ela daqui 10 anos. Diríamos que em cerca de 90% dos casos, a situação terá mudado e não raro a escola se encontrará em precárias condições. Seja porque mudou o corpo docente, a direção, a relação com o órgão setorial, com a parceria ou mesmo, com a clientela.
Ao contrário do que dz o articulista, 'boas' escolas são oásis que por algum tempo conseguem aglutinar vários fatores que impulsionam seu trabalho. Se duvidar basta comparar os resultados do IDESP, ENEM, SARESP, IDEB, SAEB. Vejam-se os resultados divulgados a cada edição, quais as que se mantém entre as melhores? Mesmo tendo uma série histórica breve, há um movimento gangorra, um sobe e desce constante.
No passado, alunos do Roosevelt, Caetano de Campos, Campos Salles, São Paulo, Fernão Dias, Alexandre de Gusmão faziam vestibular para USP e assemelhados e eram aprovados e por esse indicador avaliava-se a qualidade do ensino. Qual a situação dessas escolas hoje? Durante algum tempo uma ou outra escola poderá se manter entre as mil melhores escolas do país, mas não se manterá para sempre. 
Parodiando um assessor de um programa televisivo, vendo a foto é uma coisa, vendo o filme é outra! Veja o filme Sr. Gustavo, veja o filme!  
Autor: Eduardo Paulo Berardi Jr. Postagem original em:

quarta-feira, 15 de junho de 2011

artigo

Quem ensina sempre aprende
 
 (*) Arnaldo Niskier  
 
A frase tanto pode ser atribuída a Anísio Teixeira quanto a Guimarães Rosa.  Ambos, em tempos distintos, afirmaram que quem ensina sempre aprende. É uma realidade indiscutível.
Com a experiência de mais de 55 anos de magistério, posso afiançar que o ato de lecionar, de forma consciente, obriga o professor a uma preparação prévia e contínua. Deve estar atualizado, inclusive para enfrentar com sucesso as demandas em classe dos seus alunos, hoje às voltas com as múltiplas informações da televisão e dos computadores.
O tema foi objeto de um Seminário para 400 professores e gestores da rede privada, promovido pelo Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva, no Hotel Othon do Rio de Janeiro. O encontro de educadores foi balizado pela frase “Venha ensinar, aprender e compartilhar saberes”, objetivo plenamente alcançado pelo evento.
Na fala inaugural – com muita propriedade, dada a sua longa experiência –, o professor José Arnaldo Favaretto, especialista em Biologia e fundador do Sistema Ético, confessando-se “apaixonado pela educação”, defendeu a existência de uma escola mais completa e inclusiva. Citou diversos autores brasileiros, demonstrando o seu grande apreço pela leitura, mas revelou a grande dificuldade com que se deparam os mestres: eles devem ensinar hoje o que não aprenderam na escola. O conhecimento dobra a cada cinco anos e, parafraseando Guimarães Rosa, “hoje já é amanhã”.
Se o professor não tiver uma atualização permanente (e haja tempo para isso), perderá a batalha da eficiência. Haverá alunos com conhecimentos mais avançados – e isso provoca uma situação incômoda em sala de aula. Vivemos um mundo de imersão digital, querendo ou não, como disse o professor Favaretto, com as suas características de portabilidade, interatividade, conectividade e multifuncionalidade. Quem não estiver preparado para isso, terá dificuldades talvez insuperáveis para exercer com brilho a sua missão.
Veio à tona o comentário sobre os avanços palpáveis da tecnologia. O orador tomou emprestado um exemplo do escritor Carlos Heitor Cony, para reforço da sua argumentação: “Tecnologia é como o automóvel: torna o caminhar mais fácil, mas não aponta o caminho”. Aí é que entra o papel do professor e a sua responsabilidade. Ele não pode ser culpado se a escola fracassa em sua missão de educar, como querem alguns.
Nem o problema é tão simples que se resolva com maiores salários. Pagar mais é uma velha reivindicação, justa, mas a importância está também na melhoria da formação dos mestres. Não cabe a discussão do que deve vir primeiro. Talvez haja uma concomitância nessas duas vertentes, reconhecido que uma boa parte dos professores frequenta cursos deficientes, retrógrados, com conhecimentos envelhecidos e repetitivos. Nutrimos grandes esperanças na renovação dos cursos de formação de professores.
 
(*) Arnaldo Niskier é Doutor em Educação, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/RJ

Livre Pensar Literário

Dhiogo Caetano Doa Livro do Projeto Nova Coletânia á Escola Pública de Goiás

Dhiogo José Caetano estreia no projeto Nova Coletânea, publicando o conto “ O menino do futuro". Em comprometimento com as ações de inclusão literária, de incentivo à leitura e fomento à produção escrita, ele fez doação de exemplares do livro “Livre Pensar Literário”. O livro, publicado em janeiro de 2010, foi entregue à Escola Estadual "Maria Bárbara do Nascimento" no Estado de Goiás.
O autor, jovem de 21 anos, reside em Uruana, Goiás, cidade conhecida como Capital Nacional da Melancia. Ele dispõe de vários espaços nos quais expõe suas OBRAS. Nas vias virtuais, destaca-se a Revista Partes, onde pode se encontrar material diverso tanto na forma como no estilo. Para o projeto, o autor revelou-se em sua versatilidade e, principalmente, na aptidão em trabalhar a narrativa, formulando questões comuns no âmbito das relações interpessoais e familiar por meio de figurações e símbolos de fáceis assimilação e resposta pelo leitor. Há uma intertextualidade marcante no seu texto com a proposição clássica das fábulas e dos contos infantis. O narrador nos conduz a reflexões constantes, bem como a um desfecho que consolida a busca do personagem às respostas desenvolvidas na trama.
Dhiogo cita, quando da doação, ter sido nesta escola (Escola Estadual "Maria Bárbara do Nascimento") o lugar em que deu seus primeiros passos no conhecimento; disse:
—Fiquei muito feliz em retribuir aos meus primeiros professores tanta dedicação por meio deste trabalho.
O projeto Nova Coletânea saúda os mestres deste jovem autor engajado na busca do seu ideal literário e faz votos de que outras realizações nestas vias se repitam continuamente.

Editor: Edir Barbosa

dhiogocaetano@hotmail.com

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nota de Pesar

A Representação Regional São Paulo do Ministério da Cultura lamenta o falecimento de Cleodon Silva, ocorrido nesta madrugada.
Cleodon Silva foi fundador e coordenador do Instituto Lidas e membro da diretoria da Casa dos Meninos, Ponto de Cultura que prioriza ações relacionadas às crianças e adolescentes. Era natural do Estado de Pernambuco, tinha 63 anos e deixa 3 filhos.
Foi autor de vários livros em literatura de cordel, sob o pseudônimo de Pedro Macambira.
Atuou durante 20 anos no movimento sindical - coordenou a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo/capital, foi dirigente da CUT Metropolitana e da CUT estadual/SP. Atualmente era profissional em geoprocessamento e em tecnologias de informações.O velório ocorrerá hoje no Cemitério do Araçá, na Avenida Dr. Arnaldo nº 666, a partir das 13h.
O corpo será cremado às 16h no Crematório da Vila Alpina, Avenida Francisco Falconi, 437.


Ministério da Cultura - Comunicação
Representação Regional do Estado de São Paulo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Educação

IX FÓRUM REGIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
DO OESTE PAULISTA - VI INTERNACIONAL

(IX FREPOP – VI INTERNACIONAL)

INSTITUTO AMERICANO DE LINS (IAL)
INSTITUTO TEOLÓGICO DE LINS (ITEL)
DE 19 A 23 DE JULHO DE 2011
LINS (SP)

EDUCAÇÃO POPULAR: UM PROJETO POLÍTICO
 E SOCIAL EM CONSTRUÇÃO NO BRASIL
E NA AMÉRICA LATINA
- UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL –





INFORMAÇÃO, PROGRAMAÇÃO E INSCRIÇÃO PELO SITE:

domingo, 5 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Concurso de artigos científicos

CONE PROMOVE CONCURSO PARA ELEGER ARTIGOS CIENTÍFICOS
Data: até 15 de julho
Secretaria de Participação e Parceria
3113-9601 

A Coordenadoria de Assuntos da População Negra (Cone), da Secretaria de Participação e Parceria (SMPP), está com inscrições abertas até o dia 15 de julho para o concurso de seleção de artigos científicos de estudantes de cursos de graduação e pós-graduação do Município de São Paulo. Os trabalhos devem ser apresentados na forma de artigo científico e abordar um dos seguintes temas: Educação, Comunicação, Saúde, Trabalho, Juventude, Discriminação, Preconceito, Violência de Gênero, Direitos Humanos e Experiências e reflexões sobre a participação da mulher negra no poder. Cada estudante poderá apresentar apenas um artigo, sendo premiado uma única vez. Uma Comissão Julgadora expedida pelo secretário da SMPP, composta por três representantes da Cone e dois suplentes, indicados pela Secretaria de Participação e Parceria irá analisar os candidatos segundo a categoria de graduação e pós-graduação, sendo selecionados 12 artigos para a premiação. Quatro critérios serão levados em conta para a seleção dos artigos: a) Qualidade do texto quanto ao conteúdo e forma de apresentação; b) Originalidade da abordagem; c) Contribuição ao conhecimento sobre o assunto escolhido e d) Adequação teórica e metodológica. A premiação consistirá na publicação dos 12 artigos selecionados, em obra a ser organizada pela Coordenadoria dos Assuntos da População Negra. Se houver empate no resultado da pontuação, todos os concorrentes empatados serão premiados. O resultado final do concurso será publicado no Diário Oficial da Cidade e no site da Cone. O edital completo do concurso e a ficha de inscrição estão disponíveis para download no site da Secretaria de Participação e Parceria.

CNE revê parecer sobre livro de Monteiro Lobato e deve sugerir contextualização da obra pelo professor

03/06/2011 - 8h16

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Conselho Nacional de Educação (CNE) reviu o polêmico parecer que classificava como racista parte da obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, e restringia o uso desse livro nas escolas públicas. O texto final do novo parecer ainda não foi publicado, mas irá sugerir que a obra seja contextualizada pelos professores quando utilizada em sala de aula.
Em nota, o colegiado afirma que “uma sociedade democrática deve proteger o direito de liberdade de expressão e, nesse sentido, não cabe veto à circulação de nenhuma obra literária e artística. Porém, essa mesma sociedade deve garantir o direito à não discriminação, nos termos constitucionais e legais, e de acordo com os tratados internacionais ratificados pelo Brasil”.
O conselho deve indicar que as próximas edições do livro venham acompanhadas de uma nota técnica que instrua o professor a contextualizar a obra ao momento histórico em que ela foi escrita. O CNE, entretanto, reconhece a “qualidade ficcional da obra de Monteiro Lobato” e o seu “valor literário”.
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, que devolveu o antigo parecer para que fosse reanalisado pelo conselho, a solução encontrada foi interessante. “Penso que ficou mais clara a intenção do conselho, que não creio que tenha sido outra, a bem da verdade. E o conselho despertou um debate interessante sobre uma figura histórica que escreveu livros que todos nós lemos e produziu também um material contestável nos dias de hoje”, disse.

Edição: Lílian Beraldo

quinta-feira, 2 de junho de 2011

TOLOS, BOBOS, SUJOS, MALVADOS E FEIOS. POR MARLI GONÇALVES


Não estamos, pelo menos que eu saiba, produzindo nenhum filme de bang-bang. Nem de luta livre nas ruas. Ou estamos? Mas falta pouco. A realidade é que se fôssemos documentar direito os tempos que vivemos neste país estaria decretado o fim dos grandes roteiristas de cinema. Inclusive nas categorias de comédia e animação. Ninguém conseguiria chegar nem perto de criar personagens tão patéticos e maledicentes como os que surgem aos borbotões sabe-se lá de que buraco


Tem Pateta? Tem, sim, senhor. Tem Avatar? Claro! Inclusive com seres pálidos e ruralistas em choques com verdinhos. Tem "Explosões"? Todos os dias, na periferia, com explosivos de última geração, TNT do bom, de dar inveja a qualquer Missão Impossível. Voa dinheiro para todos os lados, em fugas melhores do que a de Fuga do Planeta dos Macacos. Até na comédia estamos acelerados na produção, mas infelizmente apenas de imbecis que fazem graça para aparecer e depois ficam por aí, com cara de tacho.

Vamos passar os fotogramas rapidamente. Gravando! Moleques da tevê aparecem - um praticamente diz que estupro deveria ser pedido pelas mulheres feias, que agradeceriam; o outro faz uma lambança, se metendo em uma até então divertida discussão, apenas para demonstrar o preconceito religioso e contra os idosos (é, ele também ofendeu os velhos, além dos judeus). Troca de papéis: deveriam estar nos fazendo rir; mas nos fazem é chorar. O título de um destes filmes foi "A graça de um herege" - como se heresia fosse. Santa paciência! A do outro poderia ser "Ih! Vou fazer cara de coió", ou "Desculpa, não quis ofender".

Aí aparecem os clones de Lobo Mau, com suas bocas enóóóormes e olhar esgarçado. O secretário de Segurança de São Paulo e São Pedro declara, ou melhor, decreta, sem piscar, bom ator de terror, que agora só existem 30 membros do PCC - a organização que controla prisões, cadeias, ruas, vilas, penitenciárias, etc - de todo o país. E que eles estariam apenas em um lugar. Declara não; decide. E diz que "alguém" tem de fazer alguma coisa com tanta insegurança reinante. . O repórter - provavelmente pelo êxtase, distraído e inebriado com a formosura da autoridade - esqueceu de aproveitar e perguntar o nome deles, pedir essa listinha.

Continuando nossa sessão, aparece um novo protagonista para "Ao mestre, com carinho". Branco, esguio, olhos claros, material didático nas mãos e ampla disposição para a orientação sexual dos outros. Não, não é mamãe Dinossauro. É o Broncossauro, Bolsonaro. Ele resolveu. Ele acha. Ele quer. Invade sua casa, sua escola, a rede , e até o seu bolso. Invade até entrevista da Dona Marta. Ele também é "O Exterminador do Futuro!". O tipo anda acompanhado por protagonistas menores, loucos por uma ponta, nem digo de quê. "Comer, Rezar, Amar".

De repente, como numa festa de arromba, surge em "O Horizonte Perdido", rolando ladeira, Ed Motta! Deve ter comido alguma coisa ruim, porque passou a expelir impropérios para tudo quanto é lado, quase um Universo Irracional, um Lobão, mas sem o jeito e a graça anárquica do roqueiro certeiro. Ed mandou ver até com a sem graça metida a besta Paula Toller, eterna candidata a "Anaconda 3, me engana que eu gosto".

E já que citamos os cabelos amarelos, nessa sucessão de bobagens para os nossos ouvidos que realmente estão virando penicos, até Ana Maria Braga fez tobogã, mostrando matéria sobre bactérias terríveis nos carrinhos dos supermercados, inclusive os de onde ela faz propaganda todo santo dia. Sem luvas. Sem camisinha, só o Neymar, apenas um garoto brincando com suas bolas.

É. O tema era bom mesmo para título de filme, categoria-documentário: "Os três is - Intolerância, Ignorância, Intransigência", mas a essa altura da vida, vendo que há participantes de todos os matizes fazendo bico, isso ficou mais para "Apertem os cintos ...O piloto sumiu". Com pneumonia leve, como se tal existisse e perdurasse semanas. Hã, hã. Corta!

Não é para menos que outro dia cheguei na casa do meu pai, de 93 anos, e encontrei-o excitado, vibrando, aos brados, na frente da televisão. Fui correndo ver, porque ele normalmente é um caboclo bem sisudo. Ele estava simplesmente assistindo ao noticiário de tevê. Foi o dia da quase bolachada no Bolsonaro, do bate-boca do Código Florestal, que espalhou para tudo quanto é lado, e mais um dia no qual ele acompanhava, boquiaberto, as chacinas e violências no Oriente Médio. Como bom índio que é, papai não entende como ainda não foram até lá dar umas boas flechadas nesses "cabras" que todo dia prendem, torturam e bombardeiam dezenas de inocentes.

Pois é. Talvez, em breve, num cinema dentro da sua casa. Espere os créditos até o final.

São Paulo, com gente diferenciada e flutuante; mas limpinha. 2011

(*) Marli Gonçalves é jornalista. Sempre alerta, como O Vigilante Rodoviário. Continua dando um boi para não entrar. Mas não há Tropa de Elite capaz de fazer pedir que saia, uma vez dentro. E não gosta que cortem cenas porque não agradam os, digamos, patrocinadores, ou produtores associados.

E-mails:
marli@brickmann.com.br
marligo@uol.com.br

A Guerra do Vietnã: foi uma incursão norte-americana no Vietnã do Norte ou uma declaração de guerra dos norte-vietnamitas aos EUA?

A Guerra do Vietnã: foi uma incursão norte-americana no Vietnã do Norte ou uma declaração de guerra dos norte-vietnamitas aos EUA?

Projeto Horta em Casa quer melhorar a alimentação da população


Realizadas pelo Instituto GEA, oficinas orientam como plantar em sua própria casa e mostram os benefícios de se alimentar corretamente

 

O Projeto Horta em Casa, realizado pelo Instituto GEA – Ética e Meio Ambiente, promove a conscientização sobre alimentação saudável. Com recursos do FEMA – Fundo Especial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, o projeto conta com oficinas em bairros da Zona Leste de São Paulo, mostrando como é possível se alimentar de maneira mais saudável e ambientalmente correta, com mais economia, por meio da plantação de alimentos ricos em nutrientes dentro de casa.

 

O projeto está acontecendo na União de Vila Nova, antiga favela Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, já urbanizada. "O projeto quer ajudar a população de baixa renda a repensar sua alimentação. As pessoas gastam muito e comem mal - e podem gastar menos e comer melhor", explica Ana Maria Luz, presidente da ONG. O consumo de alimentos não saudáveis, aliado à falta de exercícios físicos, levou o Brasil a alcançar níveis preocupantes de sobrepeso e obesidade: 48,1% dos brasileiros estão acima do peso e 15% já são considerados obesos, de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde.

 

Nas oficinas, o técnico agrônomo José Luis Tomita ensina como é fácil plantar frutas e verduras em vasos dentro de casa ou no quintal, e são preparadas receitas com o aproveitamento integral dos alimentos, como talos e cascas. As oficinas acontecem todos os meses. Além das orientações, os participantes recebem um kit para o plantio, com um avental, vasos, terra, adubos e sementes.

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