sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

12º PRÊMIO FORD MOTOR COMPANY DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

FORD E CI-BRASIL REALIZAM A ENTREGA DO 12º PRÊMIO FORD MOTOR COMPANY DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
A Ford e a organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil) promoveram no, dia 6 de dezembro, a entrega da 12ª edição do Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental. O evento, que ocorre na planta da montadora em São Bernardo do Campo, tem a presença do presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos S. de Oliveira, do vice-presidente para América do Sul da CI-Brasil, José Maria Cardoso da Silva, de autoridades do governo e executivos da empresa, além de personalidades da área ambiental e jornalistas especializados.
Os vencedores são: Philip Fearnside, na categoria Conquista Individual; o projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA), na categoria Negócios em Conservação e a Associação Mico Leão Dourado (AMLD), na categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos. Eles receberão um prêmio no valor de R$23.000,00 além de um troféu criado especialmente para a cerimômia.
Este ano, o corpo de jurados foi composto por Angelo Machado, da Universidade Federal de Minas Gerais, Cristiane Fontes, da Embaixada Britânica, Guarino Colli, da Universidade de Brasília, João Meirelles, do Instituto Peabiru e Vera Diegoli, da TV Cultura. Os membros do júri analisaram todas as propostas seguindo os critérios de replicabilidade, inovação, criatividade, consistência dos resultados obtidos e repercussão tanto para a conservação do meio ambiente, como para a melhoria da qualidade de vida das populações atingidas.
"Os 12 anos do Prêmio Ford são motivo de orgulho, pois pudemos incentivar e reconhecer pessoas que trabalham para criar novas formas de desenvolvimento sustentável, em harmonia com a natureza. O meio ambiente é uma das prioridades nas ações de Responsabilidade Socioambiental da Ford, juntamente com a educação e com o trabalho voluntário, pois acreditamos que este seja o melhor caminho para garantir a qualidade de vida das futuras gerações”, diz Marcos S. de Oliveira, Presidente da Ford Brasil e Mercosul.
PASSADO E PRESENTE

O Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental, realizado desde 1996 pela Ford em parceria com a Conservação Internacional, é considerado hoje um dos reconhecimentos mais importantes na área ambiental do Brasil. “Os projetos premiados representam inúmeras pessoas e instituições que têm trabalhado com dedicação e profissionalismo pela conservação da biodiversidade. Nada mais justo do que reconhecer essas iniciativas”, comenta José Maria Cardoso, vice-presidente para América do Sul da CI-Brasil. A premiação ganhou prestígio crescente não só pelo alto nível do corpo de jurados e transparência no processo de seleção como também pela credibilidade das instituições que a coordenam.
A CI-Brasil atua no país desde 1988, buscando estratégias que promovam o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis, compatíveis com a proteção dos ecossistemas naturais, levando em consideração as realidades locais e as necessidades particulares das comunidades. Está presente em mais de 40 países, em quatro continentes e seus diferentes projetos têm sido desenvolvidos na Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Pantanal e Ecossistemas Marinhos. A organização destaca-se pela colaboração com ONGs locais e regionais, instituições de pesquisa, órgãos do governo e iniciativa privada na condução de seus trabalhos.
Ao longo destes doze anos, a parceria entre Ford e CI-Brasil já premiou 55 personalidades e entidades dedicadas às causas ambientais, somando mais de 1.500 projetos inscritos, vindos de todas as regiões do Brasil. Em 2007, as inscrições triplicaram nas três categorias existentes.
Vencedores da 12ª edição do Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental
Conquista Individual
Na categoria Conquista Individual, o ecólogo Philip Fearnside venceu o 12º Prêmio Ford de Conservação Ambiental pelo valioso serviço ambiental que presta para a Floresta Amazônica e por todo o conjunto de sua obra. Pesquisador titular do Departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA), Philip desvendou a influência no efeito estufa da emissão de gases causada pelo desmatamento da Amazônia e propôs uma maneira original de calcular o custo da destruição da Floresta.
Ele estuda os impactos ambientais e as mudanças globais decorrentes de desmatamento nos trópicos, incluindo as conseqüências ao efeito estufa. Seus trabalhos englobam diversos estudos sobre projetos de desenvolvimento na Amazônia, com destaque para o planejamento de assentamentos de colonos, hidrelétricas, silvicultura, colonização privada, pecuária, cultivação contínua, sistemas agroflorestais e manejo florestal. Fez análises da sustentabilidade e dos impactos ambientais e sociais de grandes projetos públicos e privados e foi um dos primeiros cientistas a colaborar na argumentação a favor da criação de reservas extrativistas. Ele divulga os resultados de seus trabalhos e descobertas em palestras e amplia sua disseminação e alcance por meio da imprensa.
Desde 1979, Fearnside já produziu inúmeros títulos de relevância nacional e internacional e seu portfolio atual contabiliza 361 publicações, entre livros, artigos, trabalhos completos em anais, capítulos de livros, resumos publicados, uma tese e volumes organizados, além de um número incontável de apresentações em eventos, como seminários e congressos.
Várias razões definiram a escolha de Philip Fearnside como vencedor da categoria. Ele traduz a linguagem científica para o popular, disseminando conhecimento técnico por meio de suas publicações. Consegue trazer à tona a importância dos serviços ambientais advindos da manutenção da Floresta para mitigar o efeito estufa, substituindo a destruição, que serve como base da economia atual, e propondo uma nova alternativa de sustento para a população rural na Amazônia. Atesta sobre a importância do papel da Floresta para a regulação do clima e busca quantificar a relação entre o desmatamento e o efeito estufa na Terra. A densidade de seus trabalhos científicos com foco na Amazônia e o alerta para o tema da mudança climática já lhe renderam diversos prêmios importantes. Muitos de seus esforços repercutiram na conservação da biodiversidade amazônica brasileira.
Negócios em Conservação
O vencedor da categoria Negócios em Conservação foi o projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA), que transformou a realidade de assentados de Nova Califórnia, em Rondônia. Graças à iniciativa, a difícil tarefa de viver e conviver com as diferenças em meio à Floresta Amazônica foi convertida em uma experiência compartilhada por uma comunidade solidária, unida e produtiva.
A grande inovação do RECA foi utilizar o sistema agroflorestal (SAF) - uma forma de uso da terra na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de maneira simultânea ou em seqüência temporal e que interagem econômica e ecologicamente – para cultivar espécies típicas da região. Ao longo do processo, a comunidade, que inicialmente passava por problemas de convivência devido à união de culturas e modos de produção diferentes, combinou saberes e somou esforços para o desenvolvimento da região. Criaram a Associação dos Pequenos Agrossilvicultores, formada por migrantes com conhecimentos sobre a lavoura, vindos de várias partes do país, e seringueiros locais, que possuem experiência extrativista.
O SAF ocupa uma área de 1.800 hectares, tendo como culturas-base espécies como o cupuaçu, a castanheira, a pupunheira e o mogno. A extração segue os padrões locais e o transporte, o beneficiamento e a comercialização são realizados de forma coletiva. A remuneração dos associados é obtida pela venda de produtos e seu valor agregado, como a polpa, a semente de pupunha selecionada, a manteiga do cupuaçu, licores, doces e geléias. O projeto RECA investe também na educação, com a implantação da Escola Família Agrícola, e na saúde, com a capacitação de agentes para o combate à malária.
O projeto foi premiado por sua trajetória de sucesso e, sobretudo, pela capacidade de replicabilidade, dada a quantidade de assentamentos que existem no país. O RECA permite que a comunidade gerencie toda a administração do programa, desde plantio, colheita, beneficiamento local dos produtos, armazenamento e comercialização, até a recuperação de áreas destruídas.
Hoje, mais de 95% das áreas de plantio são de SAF`s, abandonando a monocultura e trazendo benefícios para as famílias e para o ecossistema da região. Sua excelente capacidade de organização comunitária beneficia diretamente 364 famílias, movimentando anualmente cerca de R$ 2 milhões. Eles contam com quatro agroindústrias de beneficiamento de produtos em funcionamento, onde cada estrutura possui 12 grupos, envolvendo a família dos agricultores, um líder e um coordenador para representar o RECA.
A comercialização dos produtos é realizada localmente e por meio de vendas diretas no atacado e varejo. Além das vendas no Brasil, também exportam o palmito da pupunheira para a França, pelo sistema de comércio justo e solidário. Outra importante realização do programa é a certificação Florestal, trabalhada pelo IMAFLORA, que certificou 30 famílias e a Certificação Sócia Participativa, um selo para produtos orgânicos que conta com 20 famílias certificadas. O prêmio é o reconhecimento de uma comunidade que trabalha pela melhoria da qualidade de vida, geração de renda das famílias de agricultores da região e recuperação do meio ambiente.
Ciência e Formação de Recursos Humanos
Denise Rambaldi, vencedora da 12ª edição do Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental, na categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos, foi agraciada pelo trabalho desenvolvido na Associação Mico Leão Dourado (AMLD), organização não-governamental sem fins lucrativos, fundada em 1992 da qual é secretária geral desde 1994.
Sob a direção executiva de Denise, a AMLD transformou o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) em um símbolo da defesa ecológica no Brasil, revertendo o declínio populacional da espécie. De uma população inicial de 250 indivíduos, estimada na década de 1960, hoje há cerca de 1.400 desses primatas vivendo livres na floresta de baixada costeira do litoral fluminense.
Em 2003, o mico-leão-dourado passou da categoria de espécie “criticamente ameaçada” para “ameaçada” na lista vermelha dos animais em extinção da União Mundial para a Natureza (IUCN). Denise também contribuiu para a implementação do Parque Estadual do Ibitipoca, MG; implantação do Parque Municipal Eurico Figueiredo, MG; participou ativamente na criação da Reserva Biológica União/IBAMA e da APA da bacia do rio São João/Mico-Leão-Dourado/IBAMA. Para multiplicar o trabalho da associação, treinou mais de 250 estudantes e profissionais em biologia da conservação.
Sua produção intelectual conta com uma extensa lista de publicações, profere palestras em diversas universidades brasileiras e estrangeiras, embaixadas e consulados brasileiros em vários países.
Os membros do júri elegeram-na vencedora nesta categoria pela consistência dos resultados alcançados e, sobretudo, devido ao êxito do programa de conservação do mico-leão-dourado. É reconhecida nacional e internacionalmente pelo trabalho desenvolvido na AMLD, que inclui projetos de educação ambiental, utilização dos instrumentos de políticas públicas em prol da preservação da biodiversidade da Mata Atlântica e difusão de estratégias de conservação para as comunidades de entorno. Destaca-se por conseguir aplicar princípios da biologia da conservação em situações concretas para a proteção das espécies, pela excelência na formação de biólogos, sendo muitos deles premiados, e pelo fato de que seu trabalho serve de exemplo e inspiração para outras ONGs e profissionais.

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