sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Brasil tem potencial para se destacar na produção de lítio no contexto global

  O país tem a quinta maior reserva mundial de lítio, com investimentos que podem chegar, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, a R$ 15 bilhões até 2030

Olítio representa uma oportunidade única para a economia latino-americana, especialmente para o Brasil e o chamado Triângulo do Lítio, que reúne Argentina, Bolívia e Chile, de acordo com o “Guia Latam de Lítio”, produzido pela EY. Esses três países detêm metade da reserva global de lítio, que tem sido cada vez mais demandado pelas empresas para produção de baterias, cujo papel é central para o sucesso da transição energética dos combustíveis fósseis para as fontes renováveis. O crescimento da exploração do lítio aumentou significativamente a identificação dessas reservas, que equivalem a aproximadamente 103 milhões de toneladas métricas.

Conhecido como o "metal do futuro", o lítio é imprescindível para a revolução da energia limpa por ser insumo essencial para as baterias dos carros elétricos e para o armazenamento de energia renovável. Sua abundância geológica, combinada com propriedades únicas, posiciona o mineral no coração da transição para um mundo mais conectado e renovável. À medida que economias e indústrias vão se descarbonizando, o lítio se torna cada vez mais estratégico para a próxima onda de inovação e competitividade em setores-chave como automotivo, eletrônicos, energia e tecnologia. Nesse contexto, ainda segundo o estudo da EY, compreender o atual e futuro cenários do mercado de lítio, assim como suas implicações, é crítico para decisões estratégicas.

O lítio brasileiro está concentrado no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que responde hoje por 85% das reservas identificadas. O Ministério de Minas e Energia tem trabalhado em projetos que possam aproveitar todo o potencial do lítio, destacando novas áreas de extração, cujos investimentos podem chegar a R$ 15 bilhões até 2030. 

Em 2022, o mercado de lítio no Brasil, que já conta com mais de 200 empresas envolvidas nesse segmento, cresceu 436% em comparação com 2021. Em 2023, o mineral saiu do 11º lugar para o terceiro em termos de receita para Minas Gerais, o principal estado produtor. Esse crescimento colocou o Brasil como um dos grandes players do mercado global.

Triângulo do Lítio

O lítio é o mais leve de todos os metais, reagindo vigorosamente com a água e apresentando baixo ponto de fusão. É usado em baterias recarregáveis para eletrônicos e carros elétricos e na produção de vidro, além de ser transformado em ligas com alumínio e magnésio para fazer parte da produção de aeronaves e bicicletas.

O Chile está no topo dos produtores de lítio, e essa atividade contribui bastante para sua economia. As reservas de lítio no Salar do Atacama têm captado investimentos substanciais de multinacionais. Já a Argentina tem observado uma onda de investimento estrangeiro no seu setor de lítio, com o desenvolvimento da produção na região de Puna, nas províncias de Salta, Jujuy e Catamarca. Já a Bolívia detém a maior reserva de lítio do mundo no Salar de Uyuni, mas sofre para oferecer infraestrutura e expertise técnica necessárias para a produção em larga escala.

Preocupação com a bateria

Ainda que o lítio seja cada vez mais buscado pela indústria de veículos elétricos, o desempenho da sua produção nos próximos anos depende da resolução pelas montadoras de algumas questões técnicas e de logística referentes à bateria.

Isso porque a bateria está entre os principais receios dos consumidores na hora de optar por um carro elétrico, de acordo com a nova edição do estudo Mobility Consumer Index (MCI), produzido pela EY. A falta de estações suficientes de carregamento foi apontada como o principal entrave para a compra de um carro elétrico, com 27% das respostas. Na sequência, com 26%, a preocupação com o preço elevado para substituir a bateria. Foram entrevistados 19 mil consumidores de 28 países.

Há um desdobramento do segundo entrave apontado, que é o receio de não conseguir revender o carro elétrico, deixando o consumidor preso a uma bateria que chegou ao fim da sua vida útil. Ainda segundo o levantamento, os consumidores desejam cada vez mais uma experiência de reabastecimento como a dos motores de combustão para seus veículos elétricos – a qualquer hora, em qualquer lugar e concluída em poucos minutos.

Agência EY

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