O país tem a quinta maior reserva mundial de lítio, com investimentos que podem chegar, de acordo com o Ministério de Minas e Energia, a R$ 15 bilhões até 2030
Conhecido como o "metal do futuro", o lítio é imprescindível para a revolução da energia limpa por ser insumo essencial para as baterias dos carros elétricos e para o armazenamento de energia renovável. Sua abundância geológica, combinada com propriedades únicas, posiciona o mineral no coração da transição para um mundo mais conectado e renovável. À medida que economias e indústrias vão se descarbonizando, o lítio se torna cada vez mais estratégico para a próxima onda de inovação e competitividade em setores-chave como automotivo, eletrônicos, energia e tecnologia. Nesse contexto, ainda segundo o estudo da EY, compreender o atual e futuro cenários do mercado de lítio, assim como suas implicações, é crítico para decisões estratégicas.
O lítio brasileiro está concentrado no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que responde hoje por 85% das reservas identificadas. O Ministério de Minas e Energia tem trabalhado em projetos que possam aproveitar todo o potencial do lítio, destacando novas áreas de extração, cujos investimentos podem chegar a R$ 15 bilhões até 2030.
Em 2022, o mercado de lítio no Brasil, que já conta com mais de 200 empresas envolvidas nesse segmento, cresceu 436% em comparação com 2021. Em 2023, o mineral saiu do 11º lugar para o terceiro em termos de receita para Minas Gerais, o principal estado produtor. Esse crescimento colocou o Brasil como um dos grandes players do mercado global.
Triângulo do Lítio
O lítio é o mais leve de todos os metais, reagindo vigorosamente com a água e apresentando baixo ponto de fusão. É usado em baterias recarregáveis para eletrônicos e carros elétricos e na produção de vidro, além de ser transformado em ligas com alumínio e magnésio para fazer parte da produção de aeronaves e bicicletas.
O Chile está no topo dos produtores de lítio, e essa atividade contribui bastante para sua economia. As reservas de lítio no Salar do Atacama têm captado investimentos substanciais de multinacionais. Já a Argentina tem observado uma onda de investimento estrangeiro no seu setor de lítio, com o desenvolvimento da produção na região de Puna, nas províncias de Salta, Jujuy e Catamarca. Já a Bolívia detém a maior reserva de lítio do mundo no Salar de Uyuni, mas sofre para oferecer infraestrutura e expertise técnica necessárias para a produção em larga escala.
Preocupação com a bateria
Ainda que o lítio seja cada vez mais buscado pela indústria de veículos elétricos, o desempenho da sua produção nos próximos anos depende da resolução pelas montadoras de algumas questões técnicas e de logística referentes à bateria.
Isso porque a bateria está entre os principais receios dos consumidores na hora de optar por um carro elétrico, de acordo com a nova edição do estudo Mobility Consumer Index (MCI), produzido pela EY. A falta de estações suficientes de carregamento foi apontada como o principal entrave para a compra de um carro elétrico, com 27% das respostas. Na sequência, com 26%, a preocupação com o preço elevado para substituir a bateria. Foram entrevistados 19 mil consumidores de 28 países.
Há um desdobramento do segundo entrave apontado, que é o receio de não conseguir revender o carro elétrico, deixando o consumidor preso a uma bateria que chegou ao fim da sua vida útil. Ainda segundo o levantamento, os consumidores desejam cada vez mais uma experiência de reabastecimento como a dos motores de combustão para seus veículos elétricos – a qualquer hora, em qualquer lugar e concluída em poucos minutos.
Agência EY