A VIDA DE QUEM MORRE E A MORTE DE QUEM VIVE
Nazaré, 28-04-1974
O moleque corria
Pela estrada abaixo.
Ia chatear as mulheres,
Que iam apanhar água
Numa fonte distante,
Para matar a sua sede.
O moleque muito atrevido,
Levantava-lhes a saia
E nada via,
Exceto pernas.
Perna ele tinha,
Via a qualquer hora.
O moleque queria
Era ver outra coisa.
Não sabia o que,
Não sabia explicar,
Não entendia dessas coisas.
Certa vez o moleque,
Andando pelos matos
Viu o que desejava.
Viu uma mulher nua.
Escondeu-se entre os arbustos
E se pôs a observar.
Sentia medo
Mas, era atraído por ela.
Talvez achasse esquisito
Mas, digno de olhar.
Quando sem esperar,
A mulher o descobriu
E a ele chamou.
E o moleque foi lá,
E a mulher o abraçou,
E o moleque viveu,
E o marido chegou,
E o revolver puxou,
E o moleque morreu.
Morreu sim!
E que morte!
Morreu conhecendo a vida,
Que foi uma glória
Para um moleque como ele,
Que viveu conhecendo a morte,
Que morreu conhecendo a vida.
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