sexta-feira, 14 de novembro de 2008

SOCORRO, A BOLSA ESTOUROU!

SOCORRO, A BOLSA ESTOUROU!
(Autor: Antonio Brás Constante)

Em tempos de colapso nas bolsas do mundo, nada melhor do que escrever sobre elas, as bolsas. Tudo começa em meio a uma crise, quando uma certa bolsa estoura e ao som de gritos e gemidos acabamos despejados e largados neste tal de mundo redondo e sem muito sentido. Somos frutos, já nos primórdios de nossa própria existência, de uma bolsa que até este momento nos protege e alimenta.

A partir de então damos nossos primeiros passos, antes mesmo de gatinhar, amparados pela bolsa colorida que nos fornece subsistência. Falo da bolsa onde nossas mães levam tudo que precisamos: mamadeira, chupeta, fraldas, etc. E sem perceber nos vemos totalmente dependentes destes “porta-apetrechos”, utilizados para nos servir através de mãos benevolentes.

Enquanto vamos crescendo, acabamos iludidos achando que conseguiremos nos desligar desta influência louca. Não cortamos o cordão umbilical, tentamos cortar a alça que nos prende as bolsas. Mas ainda somos pequenos e nos sentimos fisgados por um ou outro doce em seu ventre artificial guardado, que deixa um certo ar afeiçoado aos desejos que se escondem naquele objeto quase encantado.

Chegamos na adolescência, e novamente as bolsas marcam sua presença. Alguns se sentem atraídos pelos movimentos nas esquinas, de bolsinhas femininas que giram chamando para gandaia, homens ainda meninos que acham que já tem idade para provar tais desatinos. Outros tentam conseguir bolsas para estudar e garantir o seu futuro, quem sabe até ganhar um dinheirinho. Também a quem resolva investir na bolsa, desde que ela seja alheia, com alcinhas para poder puxar. Corre o malandro carregando a bolsa, aos gritos da mulher que nem percebeu ele chegar.

Até que um dia entendemos que bolsa é coisa de homem, pois a bolsa tem valor. Um novo brinquedo pra muitos, que impulsionados por suas ações caem em um mercado cheio de especulações. Muito risco e muita grana, tudo junto que bacana. Uma bolsa gigantesca, conduzindo o destino de nações. A bolsa sobe e desce tal qual elevador de prédio comercial. Compra na baixa, vende na alta, e lá se vai seu capital. Bancos fortes desmoronando, como castelos de cartas em meio a um vendaval. E todos ouvimos desesperados: “a bolsa vai afundar os mercados!”, parece até sortilégio, ou magia, onde o mantra do dia foi forjado nas alas da economia.

É um pandemônio anunciado como um trem desgovernado. Se pular o bicho quebra, se ficar o bicho te consome os bolsos, transformando belos e tenros filés, em amontoados de osso. Pára o mundo que eu quero descer. Estão injetando mais dinheiro no mercado, do que silicone nos seios para deixa-los turbinados.

Enfim, nos mistérios das bolsas vamos vendo a vida passar. São tantas bolsas que nos cercam, que mais parecemos fantoches sem cordas, cujos destinos são levados como esmaltes, batons ou outros artigos da moda, em uma bolsa de mulher.

E-mail: abrasc@terra.com.br

Site: www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc

NOTA DO AUTOR: Divulgue este texto para seus amigos. (Caso não tenha gostado do texto, divulgue-o então para seus inimigos).

NOVA NOTA DO AUTOR (agora com muito mais conteúdo na nota): Caso queira receber os textos do escritor Antonio Brás Constante via e-mail, basta enviar uma mensagem para: abrasc@terra.com.br pedindo para incluí-lo na lista do autor. Caso você já os receba e não queira mais recebe-los, basta enviar uma mensagem pedindo sua retirada da lista. E por último, caso você receba os textos e queira continuar recebendo, só posso lhe dizer: "Também amo você! Valeu pela preferência".

ULTIMA NOVA NOTA DO AUTOR: Agora disponho também de ORKUT, basta procurar por "Antonio Brás Constante".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

“Fizemos história pelas crianças no G20”, diz adolescente em evento inédito da Save The Children e Plan International Brasil

  Ynara, 17, foi uma das adolescentes que entregou uma carta de 50 mil crianças a líderes do G20. Painel contou com a presença ministros e a...