- Denominado “Jornada do Milhão”, o jogo estimula os participantes a tomarem decisões financeiras estratégicas, planejando orçamentos e gerenciando despesas mensais.
- Projeto vem ao encontro da necessidade de alfabetização financeira observada atualmente no Brasil.
A educação financeira continua sendo um fator preocupante na sociedade brasileira. De acordo com o levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 45% dos brasileiros de 15 anos têm baixo desempenho na alfabetização financeira. Outra pesquisa, realizada pela Onze, fintech de Saúde Financeira e Previdência Privada do Brasil, indicou que 47% dos brasileiros não conseguem organizar o próprio orçamento.
Tendo em vista esse cenário, um grupo de quatro estudantes mulheres do Colégio Santa Marcelina São Paulo desenvolveu um jogo de tabuleiro que tem por objetivo ensinar educação financeira a crianças e jovens de forma lúdica. Denominado “Jornada do Milhão”, os participantes tomam decisões financeiras estratégicas, planejando orçamentos e gerenciando despesas mensais.
De acordo com o Professor de Matemática do Colégio Santa Marcelina São Paulo, Nilton Silveira Domingues, essa abordagem incentiva uma inteligência financeira aprimorada. “A maioria dos brasileiros vive numa situação de inadimplência e muito disso se deve à falta de acesso à educação financeira desde a infância. Nesse sentido, o jogo é uma forma lúdica de divertir enquanto dissemina conceitos de gestão consciente e saudável do dinheiro”, explica.
O conceito
O processo criativo dos estudantes se iniciou ainda na sala de aula, de forma teórica, com pesquisas sobre educação financeira no Brasil pela disciplina Gestão Econômica e Social – GES, ministrada juntamente com o professor Paulo Silva, em que foi possível levantar dados sobre endividamento e falta de acesso ao tema, o que motivou o desenvolvimento do projeto.
“Inicialmente foram elaborados o design e dinâmica do jogo, além de realizados os testes de materiais, escolha das cores mais adequadas aos públicos-alvo e definições gráficas para a produção, como forma de equilibrar preço e qualidade. Durante o processo, também surgiram desafios que levaram as estudantes a entender as complexidades do mercado, como precificação, fornecedores e logística”, conta Domingues.
A validação do jogo se deu durante uma feira científica realizada no Colégio em que crianças e pais puderam jogar e fornecer feedbacks positivos. Nesse contexto, o professor explica que toda a iniciativa permitiu que o grupo entendesse tudo o que envolve a criação de um novo produto no mercado, ampliando os horizontes da educação financeira para além da gestão familiar. “O jogo virou mais que um trabalho escolar, mostrou que a gestão dos recursos pode ser divertida e transformadora, especialmente para as novas gerações", enfatiza.
Dinâmica do jogo
A “Jornada do Milhão” consiste em um jogo de tabuleiro circular com 30 casas, em que cada casa representa um dia do mês. No início do jogo, cada jogador recebe quatro cartas, que são relativas à moradia (custos como aluguel ou condomínio), família (número de dependentes e despesas), transporte (gastos com transporte público ou carro próprio) e profissão (salário variável conforme a carreira).
Durante a partida, os jogadores lidam com imprevistos financeiros como aniversários, emergências médicas e viagens, enquanto gerenciam seus orçamentos. Além disso, podem optar por apoios como investimentos e seguros, que protegem contra gastos inesperados, ou ainda se deparar com cartas de "sorte ou revés", com eventos aleatórios que podem impactar as finanças.
“Cada carta de profissão, moradia ou família cria um cenário único. É possível jogar várias vezes e ter experiências diferentes, exatamente como na vida real”, explica Giovana Vieira Servare, estudante do 2º ano do Ensino Médio, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do projeto.
Após a apresentação do trabalho para a comunidade escolar, as jovens receberam incentivos para dar continuidade ao trabalho, de modo a realizar alguns ajustes fornecidos pelos jogadores, visando uma produção mais ampla para atividades no âmbito escolar e familiar. As estudantes também pretendem aprimorar o jogo para dispositivos eletrônicos, tais como aplicativos de celulares.
Sobre o Santa Marcelina
O Instituto Internacional das Irmãs de Santa Marcelina foi fundado em 1838 por Monsenhor Luigi Biraghi, com o auxílio de Marina Videmari, em Milão, na Itália. Dedicada à educação, à saúde e à assistência social, a Congregação difundiu-se globalmente a partir da instituição de colégios, hospitais e obras sociais.
Atualmente, presente em 8 países, espalhados por 3 continentes, e em 17 municípios e 9 estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Tocantins, o Instituto segue com a missão de levar adiante, com empenho e entusiasmo, a educação, a formação, a cura e a construção do ser humano íntegro e da sociedade. Tudo isso alinhado a uma metodologia inovadora de aprendizagem, que, por sua vez, está alinhada às principais tendências do mercado educacional.