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quarta-feira, 27 de julho de 2011
O ESPELHO DE ALICE
FÁBULA SENIL: A MATURIDADE DO ENVELHECIMENTO
Era um sujeito orgulhoso. Nariz arrebitado. Nunca olhava para os lados
ou para baixo. Não falava com qualquer um. Não era qualquer um.
Sujeito privilegiado. Nasceu rico. Tinha tudo o que queria: carros,
roupas de marcas e as mais lindas mulheres aos seus pés.
Mas, a vida, sábia, tenta nos ensinar de qualquer jeito.
Primeiro, teve que amputar os pés. Pensou: e daí? Para aonde preciso
ir?
Depois foram amputadas as suas mãos. Pensou: Sim, e daí? Para quem
preciso acenar?
Depois, sucessivamente, foram amputados seus braços, pernas, tronco,
olhos, boca, ouvidos, dentes e cabelos. No fim só sobrou o nariz
arrebitado.
Insistente a vida lhe amputou a fortuna, o nome e o paradeiro.
Mas, aí já não pensava mais nada e seu nariz foi finalmente comido
pelos vermes.
Em seu velório, nos discursos, foram realçadas as virtudes do seu
nariz, a sua altivez.
Parece que apenas o verme aprendeu uma lição: quem tem fome precisa
comer. Comeu.
E, a vida vencida morre com o sujeito, mas insiste em viver no verme,
um nariz sem pés rastejando pela vida, sem orgulho, com o único
propósito de se erguer, se tornar homem.
Hideraldo Montenegro
leia o livro de contos O ESPELHO DE ALICE:
http://www.agbook.com.br/book/47473--O_ESPELHO_DE_ALICE
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